Promessas...

Eu quero continuar acreditando que posso confiar nas pessoas;

Que ainda é possível ter amizades sinceras, onde não se convive por meros interesses e egoísticos sentimentos.

Eu quero crer que ainda posso olhar nos olhos de quem desfruta comigo de espaços comuns, e num simultâneo aperto de mão pactuar verdades e não mentiras fundamentadas sobre a areia frouxa da falsidade.

Se é que ainda se pode...

...eu pretendo ainda alimentar esperanças que me plantam no coração em meio a papos de amigos de fé, e não amigos da onça.

A bem da verdade, se eu fosse levar em conta as tantas vezes que levei o famoso "calça arriada", já teria me isolado numa caverna e me transformado num ermitão, porque mesmo que não queiramos admitir, parece que é intrínseco à natureza humana prometer e não cumprir, não honrar com a palavra, não ser pontual, ser trambiqueiro e fazer as pessoas de trampolim para galgarem os mais perversos propósitos.

Sinceramente, eu não me daria a tal comportamento, de mesmo sabendo ser impossível ser leal na honradez de uma promessa, ter a "cara limpa" de prometer mundos e fundos quando nem o trivial vem a se tornar real.

Não é por acaso que no exercício de uma das minhas atividades profissionais encontro cada vez mais pessoas que nem querem conversa quando o assunto é política, porque já estão saturadas com tanta enganação.

Certa vez, ao perceber a tremenda empolgação de um amigo em entrar para o mundo político, aconselhei-o a seguir sua vida acadêmica e se preservar de momentos de brutal desapontamento, porque por experiência é o que mais se vê. Pode-se contar a dedos pessoas que entram para a vida pública e conseguem se manter íntegras, com comportamento ilibado e intocadas no aspecto moral. Via de regra os valores são invertidos e os padrões morais vão para o ralo quando os cifrões passam a ser a paisagem mais bonita para ser contemplada.

Ouvi ainda na minha adolescência que todo ser humano tem um preço. Será? Será mesmo que a raça humana é tão medíocre por não se lembrar que vivemos aqui um ciclo, que se finda quando o coração para e não respiramos mais? Será que ninguém se lembra que nu viemos e nu ao pó retornaremos?

Pergunto eu: qual o valor da sua vida? Você é mensurado pelo tanto que acumula, desvia, rouba?... Afinal, a nomenclatura do infortuito ato de subtrair o alheio ou surrupiar o erário público muda. Enquanto a plebe rouba, a burguesia desvia; enquanto o meliante comete o seu crime e causa danos a particularidade, o homem público leva à desgraça milhares ou milhões de pessoas numa só "tacada" de deslealdade ao deixar os menos favorecidos a mercê da própria sorte inserindo-os na marginalidade e na incapacidade de usufruírem do básico para se sentirem gente.

Eu quero mesmo continuar pensando que posso acreditar nas promessas que me fazem, nas tantas vezes que me chamam de amigo e reforçam um trato que era pra ontem e já quase faz aniversário.

Quero sim, quero continuar apertando mãos e olhando nos olhos de quem me promete o céu, mesmo percebendo que estou mais próximo do léu.

E para terminar, se for para não acreditar, o melhor mesmo é ir para bem longe de toda e qualquer demagogia para nunca mais voltar.

Saudades da terrinha...

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 01/11/2019
Reeditado em 05/04/2021
Código do texto: T6785104
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