Afinidades

É engraçado (ou não), como alguns casais são desafinados. Quando digo desafinados não quer dizer que cantem mal, mas sim uma falta de afinidade. Vi um casal no metrô um dia desses pela manhã completamente desajeitado. Ele tentando encostar a cabeça dela no ombro dele e ela, por sua vez, tentando, em vão, se recostar nele. Ficaram quase uma hora trocando de posições (sugestivo, mas não é bom). Ora ele encostava-se a ela, ora ela tentava se aninhar nele. Passaram o braço por trás do banco, e nada. Ela colocou a mochila sobre a perna dele para “deitar”, e nada. Ele fez o mesmo e também não deu certo. A um dado momento até pensei “agora vai acabar essa peleja...”. Ledo engano. Ela desistiu por que, ao meu ver, ficou desconfortável. Passado mais alguns minutos, um encostou a cabeça na cabeça do outro. Mais uma vez, não deu... Acho que as ideias não chegaram a um acordo. 

Indiferente do casal A ou B, o que pude perceber nesta história é que por diversas vezes ouvimos falar que os opostos se atraem. Sinceramente, não acredito nisso. Acredito que exista um certo jogo de interesse, como toda relação é, mas que fica aquém da afinidade, que é o mínimo que um casal tem que ter. Eu vejo que homens e mulheres são diferentes, cada um com seu temperamento, cada um com suas manias, cada um com sua sensibilidade, mas a afinidade tem que existir de um jeito ou de outro. Caso contrário o relacionamento irá sucumbir. 

O caso citado acima, não sei se valeria como exemplo, não conheço ambos, mas serve para refletir sobre o comportamento do casal. Se ele gosta de sair e ela é caseira, vai acontecer de, um dia, eles se desentenderem e vice-versa. Um casal não tem que apenas se olhar nos olhos, eles têm que olhar na mesma direção, com o mesmo propósito, com a mesma intensidade. Certa vez eu vi só a capa de um livro intitulado “Não Sou Feliz, Mas Tenho Marido”, da autora Viviana Gomez Thorpe, de 2009, e fiquei pensativo por uma semana. Num mundo em que as mulheres, negros, gays e outras “minorias”, como alguns chamam, ganham mais espaço a cada dia, é isso mesmo que as mulheres querem? UM MARIDO? Conheço várias que dariam a vida para  ter um, mas conheço muitas outras que dariam a outra vida para não ter. 

Definitivamente, ter um “marido” não é sinônimo de vida boa, vida boa é quando a gente consegue recostar a cabeça no outro e de qualquer forma se sentir confortável

Igor Rocha BH
Enviado por Igor Rocha BH em 04/11/2019
Reeditado em 08/01/2020
Código do texto: T6787065
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