Estão Voltando as Flores

Não sou alguém que extravasa ruidosamente e acintosamente sus alegrias. Não, não sou frio. Pelo contrário: sou muito emotivo.Mas sei me conter, sei me alegrar sem transformar a alegria em desabafo e nem tampouco provocação. Entendo -sempre entendi - que devemos ser moderados porque assim se sente mais prazer e, creiam, se pode avaliar melhor o significado e valor da alegria. A consciência deve sempre nos nortear. Nunca devemos deixar que a alegria turve a nossa razão. Mas, por outro lado, não podemos esconder a nossa alegria. Minha avó paterna me dizia algo que segui à risca: - Angu se deve comer pelas beiradas para nao queimar a língua, mas não deixe de comer o angu com medo de queimar a língua. E angu frio não presta.

Não, não sou alguém qu se esbalda com as alegrias. Não me rasgo, não perco a razão e nem tomo porre de alegria. Vibro mais por dentro, mas sem exagero devido ao relógio, tão ligados? Talvez, reconheço, eu seja um empata-samba, dissidente,um veio cabreiro.

Ontem fiquei alegre.Era cono se tivesse encontrado uns moranguinhos à beira do abismo. Uma esperança,uma esperança que pode vencer o medo. Foi, foi no texto do professor Rubel Alves que pensei.

Enquanto muita gente festejava , foguetões espoucavam, pessoas se abraçavam, eu preferi i para casa e botei n som uma música de Paulo Soledade que sempre ouço quando fico alegre e quando me bate a esperança. Vou transcrever os versos dela:

"Vê, estão voltando as flores/ Vê, nesta manhã tão linda/Vê, como é bonita a vida/ Vê, há esperança ainda// Vê, as nuvens estão passando/ Vê, um novo sol se abrindo/ Vê, o sol iluminando/ Por onde nós vamos indo/Por onde nós vamos indo".

Por fim devo confessar que depois de ouvir a música fui a cozinha, botei um copinho miudinho de Pitu Gold, derramei a parte do Lula e a do santo e tomei de vez sem fazer a caretinha. Depois fui pra cadeira de balanço tirar um cochilo. Inté.