FAZER QUARENTA ANOS

Fazer quarenta anos não é nada ou muita coisa. Não sei. Pior é não se sentir completar quarenta anos. É responsabilidade demais. Não que não a tenha. Mas acho muito, quarenta anos. Quatro décadas. Será que as vivi deveras?

Teria que ficar feliz. Chegar aos quarenta anos é só uma vez na vida. Todavia, não me sinto bem. Dizem que é a partir dos quarenta que se entra na meia-idade. Veja só: meia-idade!

Seria medo de envelhecer? Um algarismo a mais não altera tanto assim. Efeito psicológico? O fato é que este número me assusta.

Queria escrever um texto em homenagem aos meus quarenta anos. Não consigo, pois. Como se me recusasse a adentrar nesta faixa. Apesar de já ser início de noite, quiçá não tenha assimilado ainda este dez de setembro de 1998.

Neste momento, estou ouvindo uma música da época em que eu tinha vinte anos. A metade. Puxa vida! Já se passaram vinte anos! Não me dei conta. O tempo não pede licença.

Não me olhei no espelho hoje. Não tive coragem. Como estará minha cara de quarenta? Amanhã, decerto, olhar-me-ei. Como diz uma canção, “todo dia nasce novo em cada amanhecer.”

O que me anima e me alegra é de saber que quando chegar a minha casa, encontrarei Júlia que tem apenas seis meses, recebendo-me com um sorriso que me faz ter orgulho de ser pai e de estar completando quarenta anos.

Nossa! Quarenta anos!

O que me resta é pedir mais um chope.

Marcos Arrébola
Enviado por Marcos Arrébola em 04/10/2007
Código do texto: T680508