O DIA QUE FIZ MINHA MATRÍCULA NA FACULDADE

Quem não tem dias inesquecíveis na vida?

O DIA QUE FIZ MINHA MATRÍCULA NA FACULDADE

Em1968 prestei vestibular para cursar Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Na época, os exames vestibulares eram concorridíssimos, pois não havia tantas faculdades disponíveis como hoje. Já casado, eu pretendia entrar em uma faculdade pública. Era um dos bons alunos do Curso Engo, aqui de Santos, e acreditei que tinha boas chances de ser aprovado. Tanto, que só me inscrevi para a Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Paraná. Depois de prestar as provas, surge aquela expectativa de aguardar o resultado, para saber se fui aprovado. Não havia Internet, celular e outros recursos que existem hoje. Ou aguardava-se publicação nos jornais, ou ia-se até a faculdade ler o edital com a lista dos candidatos aprovados. Depois de vários dias de espera, soube por telefone que havia saído a lista, mas a pessoa não sabia em que jornal seria publicada. Dia seguinte às seis da manhã fui ao ponto onde o ônibus da Empresa Penha desembarcava os passageiros. A Rodoviária não existia e o ônibus estacionava na Rua Marechal Floriano Peixoto, próximo à Praça Independência. O ônibus que saia de Curitiba a noite, chegava a Santos nesse horário e minha intenção era de que algum passageiro havia trazido um jornal com a lista de aprovados. À medida que as pessoas desciam, eu perguntava se tinham um jornal curitibano chamado “A Gazeta do Povo”, pois tinha certeza que o resultado das provas havia sido publicado na edição do dia anterior desse jornal. As pessoas descendo do ônibus e ninguém tinha jornal, ansiedade aumentando. O último passageiro era uma senhora chique, muito bem vestida, que trazia um exemplar da Folha de São Paulo. Perguntei sobre as provas de Engenharia e ela prontamente passou às minhas mãos a página com a lista dos aprovados, muito orgulhosa, pois seu filho havia estava nela. Comecei a ler, não via meu nome. Até que a senhora me mostrou: havia passado em sétimo lugar! Felicidade! Era a mãe de Marino Pereira Júnior, que viria a ser um bom amigo durante o curso. Eu havia sido aprovado em sétimo lugar, o que gerou até propaganda do Curso Engo com meu nome no jornal A Tribuna, de Santos. Na ocasião da matrícula era obrigatório pagar a taxa do DAEP, Diretório Acadêmico de Engenharia, ocasião que eram aplicados trotes aos calouros. Como ia viajar de volta a Santos a noite, tirei a camisa na hora de cortar o cabelo. Após a primeira tesourada, um dos veteranos viu a aliança em minha mão esquerda, perguntou se era casado. Respondi que era e o trote acabou ali, casado não sofria trote. A seguir um cara perguntou:” -Calouro, você é muito forte, que esporte você pratica?”. Respondi que era natação. Era presidente da AAAE-Associação Atlética Acadêmica de Engenharia, o Caleffe. Ficamos conversando e os meus tempos nas provas de natação equivaliam aos dos melhores nadadores paranaenses. Fomos ao Círculo Militar do Paraná e o saudoso Eraldo Graeml acertou com o major que era presidente do clube a minha admissão como técnico auxiliar ganhando um salário mínimo com a obrigação de nadar pelo Círculo. Era tudo o que eu precisava e queria, Além de voltar a nadar, estava empregado e matriculado na UFPR. Voltei à Santos muito feliz.

Santos 27/11/2019

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 27/11/2019
Reeditado em 26/09/2021
Código do texto: T6805275
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