Aquele menino

Eu me lembro de você, aquele menino dos cabelos encaracolados, que saudade daquele menino. Não sei se você se lembra de mim, eu sou memorável?

Com um sumiço repentino ele me deixou, sabe? Sozinha mesmo, eu deveria ter desconfiado desde o início. O papo leve e profundo ao mesmo tempo, a risada sagaz, o beijo suave, tudo isso e muito mais, me pegou desprevenida, como eu poderia me esquivar?

Me veio como um sopro de vitalidade, eu que sempre fui tão "sem sal" finalmente tinha algum tempero, algum gosto. Me vi imersa em um amor inadequado, não era errado, só era inadequado naquele momento… literalmente. Ele jurou que seríamos amigos, jurou que nada importava mais que a nossa amizade e eu concordei, embora não concordasse de todo, o meu amor não era importante?

Caí nos joguinhos dele. Tropecei nas declarações forçadas. Dei de cara com as mentiras. Fui muito ingênua.

Hoje já não dói tanto, a falta de interesse dele é evidente, embora não seja mútua, tenho pensado nisso cada vez menos. Mas quando toca aquela música, do Charlie Brown Jr., ai como eu me lembro de você. Esse texto me deixou muitas perguntas, você também me deixou, as perguntas ainda estão entaladas e provavelmente vão continuar dessa forma.

Escrevo isso para aquele que foi meu amante, mesmo que o sujeito não leia, são essas as palavras que lanço ao universo e espero que elas cheguem até ele, encaro este texto como uma carta, dentro de uma garrafa, flutuando pelo oceano, pode ser que ele receba e pode ser que não, mas o importante é a intenção.

Sejamos felizes.

Adendo: Você é apaixonante. O modo como você tirava os óculos, chegava perto, me olhava nos olhos e depois de um tempo me beijava, só você tinha esse poder. Mas não se deixe enganar, ser apaixonante não faz de você perfeito. Seja esperto, seja honesto, não manipule as pessoas, pois ser charmoso é fácil, difícil é ser transparente.