Se eu conto, ninguém acredita

Ontem eu estava tarde da noite no terminal do IBES esperando um ônibus até Jacaraípe.

Li errado o horário e fiquei esperando às 22 horas um ônibus que não passaria.

chegaram perto de mim duas senhorinhas vestidas como quem foi num show do Amado Batista, com uma maquiagem de marcar presença.

Me perguntaram o horário do ônibus. Respondi que sairia dali a 3 minutos .

Como eu tinha olhado o horário errado, ele não passaria dali a três minutos.

As velhinhas começaram a ficar preocupadas, uma delas foi ver um táxi enquanto a outra puxou assunto comigo. Logo pensei:

Se ela tem dinheiro para pagar caro não táxi, posso propor que a gente racha um Uber.

Elas ficam próximas de casa, eu fico no lugar onde teria mais opções de ônibus para Jacaraípe, dado o adiantado da hora .

Nisso uma outra mulher que estava na fila ouviu e entrou na conversa, perguntando se íamos mesmo de Uber mas ela não tinha dinheiro para rachar a corrida . Embarcamos nós quatro. Eu no carona do motorista, as duas senhorinhas e a mulher sem dinheiro atrás.

E a senhorinha se começaram a falar que estavam fazendo ali tão tarde na rua.

Estavam dançando forró no clube ARCI.

Uma falou para o marido que ia na Pizzaria do Shopping Vitória, e na verdade foi se acabar dançando.

_Tenho 72 anos, meu marido não me acompanha na missa, nem nos aniversários nem nas festas. Eu tô com ele há 52 anos, de vez em quando ele me dá uns tapas mas é aí que eu saio mesmo. Ela disse que era "daqueles pernambucano".

Imaginei um cangaceiro (que não sabia nem o que era o Uber -ou talvez nem quisesse saber o que era - esperando ela saltar do carro com uma peixeira na mão me vendo no carona do carro e querendo me arrancar uma lasca de couro por estar no carro com a mulher dele).

O telefone tocou e ela pediupara a amiga atender, pro cara ciumento pernambucano ver que ela tinha saído com a amiga-dela senhorinha acima de qualquer suspeita.

__Alô fulano tô aqui com ela sim! Já estamos voltando para casa no Uber . Você tem que ser mais presente, vir comer uma pizza no fim de semana...

Quando desligou eles começaram a falar um monte de palavrão e comemorar um balde de Skol que haviam ganhado de alguém no forró.

Eu cheguei a gravar uns diálogos. Me senti numa crônica do Veríssimo.

Fim

Historiailton
Enviado por Historiailton em 06/12/2019
Reeditado em 06/12/2019
Código do texto: T6812591
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.