Leis da Memória

DOS MEDOS QUE TENHO, o maior é o de perder a memória. Juro. Só quem conhece pessoas atingidas por esse mal é que pode avaliar como é terrível. Acaba com a pessoa. Ela se torna alguém absolutamente nulo. É uma tristeza incomensurável. O pior é que todos (?) estamos à mercê desse mal. Daí a minha fixação por fazer exercícios de memória. Sim, eu sei que a minha memória anda rateando, farrapando, falhando principalmente a imediata. Esqueço onde coloco as coisas, recados, senhas, números de telefone...Mas, felizmente, a memória do passado permanece boa, não ótima, mas boa, só farrapo nas datas (anos).

Gosto de ler sobre a memória e suas leis, suas engrenagens. Li recentemente, que a memória, pasmem, tem tanto a função de lembrar como a de esquecer, sendo que essa última é que torna viável a primeira. Bingo. Realmente acontece isso, quando a memória faz esquecer para fazê-la funcionar no momento certo. O mesmo autor diz ainda que ma memória nada se perde, que o passado se conserva integralmente e que o esquecimento é uma defesa contra a emergência desse passado armazenado cada vez que temos de recorrer a ele. Resumindo: a função maior da memória não é lembrar mas esquecer. E esquecer para não nos afogarmos num furacão de lembranças. A memória limita o seu uso, até para a pessoa não pirar. A memória não pode ser usada a três por quatro, talvez tenha que ser sada na base do conta-gotas, rsssssss

Lembro Eduardo Galeano: "A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais do que eu, e ela nao perde o que merece ser salvo ".

Ah, a memória. Sela não existimos. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/12/2019
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