Contos cotidianos: Polícia militar do RN, reduto de homens, justiça a que preço?

É duro acompanhar de perto a via sacra enfrentada por um grupo de mulheres capacitadas e aprovadas no Concurso da Policia Militar do RN, foram inúmeros os preparativos estudando para as provas, vencendo-se esta barreira, chegou a vez do tão exigente TAF, muitas mulheres e porque não dizer homens também, abdicaram de seus empregos, apostando no sonho de vestir a farda da policia militar e honrar seu compromisso junto a sociedade norte-rio-grandense.

O edital era bastante rigoroso com homens e mulheres, especialmente em relação ao TAF, teste de aptidão física. Pude acompanhar treinos de um grupo de candidatos de ambos os sexos e pude perceber que nestes treinos, muitas mulheres se destacaram mais que homens, uma delas até foi chamada de Cyborg tamanha era a garra da moça ao correr com foco em sua aprovação. Assim como ela, muitas mulheres fizeram bonito junto com seus colegas do sexo masculino.

Pasmem as sociedades brasileira e norte-rio-grandense que mal saiu a lista de aprovados, iniciou-se um verdadeiro festival de irregularidades. Pessoas inaptas no TAF, incluindo a filha de um coronel, que havia sido reprovada, passou a constar na lista de convocados. Das mulheres, uma das poucas beneficiadas porque tem as costas largas.

Daí por diante ocorreu uma sucessão de erros até mesmo da justiça que por meio de liminar, desrespeita o edital, ordenando que seja convocado candidato fora da idade, outro candidato homicida em outro estado, outro reprovado em geografia, imagina só! Que absurdo, não passou no ponto de corte, reprovado numa disciplina. Isto só para ser sintética no texto, se procurar tem muito mais aberrações, aos que duvidam leiam o edital e acompanhem as convocações e as distorções da Banca e da Própria justiça estadual.

As candidatas, passavam madrugadas em claro, aguardando as decisões da justiça e para cada decisão positiva ´para uma mulher, entravam dezenas de homens.

Uma das ações impetradas no plantão judicial antes do Natal, veio sair a decisão nos primeiros dias de 2020, ação coletiva, dá trabalho, em nosso humilde olhar nos permite compreender que os juízes achavam melhor empurrar os processos com a barriga, outros, se julgavam impedidos por ter parentes, e assim se passavam dias de agonia na vida dos candidatos e candidatas verdadeiramente aprovados no Concurso da Polícia Militar que parece que pela segunda vez acabará em pizza, no momento já virou um pastelão, uma tragicomédia.

Eram visíveis o abalo emocional e a correria em busca de ajuda financeira para impetrar ações no intuito de reverter a escabrosa situação, já que é dito que o “direito não socorre aos que dormem”, embora, essa mesma justiça tenha validado situações esdrúxulas de alguns candidatos.

Iniciou-se uma grande correria, nos plantões judiciais, a ponto de tirarem do ar a plataforma jurídica estadual para evitar transtornos e diminuir o trabalho de tão bem remunerados profissionais da justiça estadual, os Meritíssimos juízes. Data Vênia, perdão pela expressão, senti vergonha do governo, senti vergonha da justiça!

A justiça nos moldes provincianos não se encaixa no mundo contemporâneo, abaixo o machismo, por fim cumpram seus papéis de julgar mulheres e homens conforme as previsões legais, Juízes devem ter respeito aos governos, porém nunca subordinação. Quando isto ocorre pensamos que a justiça vale o quanto pesa.

Sírlia Lima
Enviado por Sírlia Lima em 05/01/2020
Reeditado em 05/01/2020
Código do texto: T6834759
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