Um pouco da minha infância

Morava numa chácara no Acupe de brotas o mesmo lugar que nasci até os 7 anos até os 4 anos morava numa casa de parede meia com a vizinha Dona Juvina e seus filhos, casa de taipa com um falso reboco o sanitário era o buracão e ficava no fundo da casa, lembro que morria de medo

Meu pai trabalhava na IBM do Brasil como operador de computador, até hoje minha mãe tem um orgulho besta de dizer fomos os primeiros a ter televisão uma Empire de válvulas.

Voltando a minha infância minha mãe conta que quando tinha três anos de idade apareceu uma gatinha prenha em nossa casa, dai um tempo como era de se esperar ela pariu e eu na minha inocência infantil, dei banho nos gatinhos e ainda passei bombril, tadinho dos bichinhos!

Eu não lembro, o que lembro era do pé de patichulim que era maravilhoso quando as mulheres lavavam as roupas e enxaguavam com essa folha de aroma maravilhoso quando não, com anil aquela água azul era linda ficava admirando o azul anil.

Naquele tempo o rádio ainda influenciava muito, adorava ouvir e pensava se fosse na rádio agora eu veria o Roberto Carlos que era meu cantor predileto, diz que quando eu estava dormindo e ouvia Roberto e mesmo cheia de sono acordava para ver, lembro das músicas dos Beatles porém não entendia o que cantavam e conforme a melodia sentia tristeza, alegria e uma gama de sentimentos que não sabia explicar.

Tinha um vestido de calhambeque gostava muito dele, recordo que no mês de maio chovia muito e fazia muito frio minha mãe fez umas pijaminhas de flanela tão bonitinhas, gostava de brincar de bonecas.

Minha bisavó Georgina vinha da Daniel Lisboa nos visitar, de tardinha e depois da sopa ela contava histórias pra gente eu confesso morria de medo da "cabra cabriola".

Aos domingos geralmente íamos visitar nossos parentes gostava de ir na casa de minhas avós. A mãe de meu pai uma negra de mais ou menos um metro e quarenta de altura, cabelo pichauim trançado,olhos bem negros, magra, era lavadeira, e não sei porque a chamava de

Cabloquinha seu nome era Clara, sua irmã não recordo o nome só apelido Pequena que meu pai chamava de Tetena, minha tia Gisélia irmã de meu pai.

Elas moravam na Barroquinha, na Rua do Tira chapéu, num casarão antigo muito grande com a irmã Mariá casada Sr Zacarias com que tinha quatro filhos, estou falando sobre esse assunto pois nessa casa tinha uma coisa que amava pianos e Natinho primo de meu pai era afinador, e me prometeu um, achava lindo!

Só que nunca me deu. Minha Vó morava de favor num quartinho dessa casa mas o mais gostoso era entrar naquele quartinho que só tinha uma janela uma cama de casal de um lado e do outro a cama de Pequena fogão de duas bocas.

Adorava o chão pois era de areia bem branquinha e fresca adorava pisar descalça, amava!

Já pelo outro lado ou seja o lado da minha Vó materna, Stella, essa morava numa casa na Daniel Lisboa era uma Avenida de casas no mesmo estilo da que morava com o buraco no chão do banheiro, ai já era diferente tinha muitos tios e tias era uma casa muito movimentada e alegre, tinha cachorros, mico, muitos causos e conversas um ambiente que qualquer criança gosta.

A educação na época era muito rígida, tudo era motivo para apanhar, para ser humilhado para os mais velhos criticar e dar bronca o que de certa forma na casa de Cabloquinha não acontecia ela educava na sua simplicidade contando casos, dando exemplos,enfim saudade de um tempo que criança era criança que não se metia na conversa de adulto, bastava um olhar que a gente se recolhia.

Clara de Almeida
Enviado por Clara de Almeida em 06/01/2020
Reeditado em 09/01/2020
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