“Se você disser que eu desafino, amor..."

Jamais alguém me encontraria cantando e muito menos na chuva. Talvez cantando sem chuva, pois estaria cantarolando ao brilho do sol à beira da piscina ou em frente ao mar Sou um ser solar, posso derreter no calor, mas não me ouvirão reclamar do calor. Ao sol, torno-me uma morena, mais morena, feliz de pele dourada, fico irreconhecível, largo aquela pele branco/amarelado que me acompanha durante o longo inverno do Rio Grande do Sul. Tudo que existe com água em conjunto com o sol me faz feliz, mas não a água da chuva, ela me entristece, somente quando a chuva é de verão que deixa um cheiro de terra delicioso. Isso me lembra a minha infância ao lado do meu pai (o meu grande amor) ao qual já se foi há um longo tempo. Também não canto nada, sou a desafinação em pessoa, mas fico triste como o João Gilberto , se alguém falar da minha desafinação: “Se você disser que eu desafino, amor,Saiba que isso em mim provoca imensa dor”. Imaginem o quadro da dor: eu cantando na chuva num inverno bem tenebroso do Rio grande do sul. Certamente, os índices de suicídios aumentariam muito, eu seria proibida de cantar pelos ministérios da saúde pelo bem estar social geral do povo do sul. Não canto jamais, mesmo tendo uma voz rouca de telefonista de telessexo( palavras da minha sobrinha), então com ou sem chuva não ouvirão a minha voz.

(janeiro 2020)

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 08/01/2020
Reeditado em 10/06/2020
Código do texto: T6837169
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