E eis que acordei de mim para mim.

Não escondo mais a minha humanidade, nem a espiritualidade que veio no pacote.

Então, você é perfeito?

Sim. Em algum ponto do infinito no quantinum sou, e você também já o é.

E vai sair por aí, dando tudo aos pobres?

Não. Por que isso não me faria bem, nem aos meus e muito menos aos pobres.

Que espiritualidade é essa já que não vai distribuir tudo aos pobres?

Por que espiritualidade não é doar tudo o que você tem até que se torne mais um pobre, é saber do seu propósito aqui, agora e viver isso com toda a intensidade.

É fácil falar, porque não te falta nada. Quero ver na dureza se conseguiria manter essa pose?

Já fui pobre, escravo, soldado, índio, padre, monge, rico, deficiente, negro, chinês, indiano, muçulmano e judeu. Não basta? Passei por tudo isso.

E como sabe?

Assim como você sabe que viveu o dia de ontem.

Ah, tá. Então você lembra?

Não só lembro, eu sinto e vi isso nos meus sonhos, meditação e o conhecimento de mim para mim vem naturalmente.

Não tem que largar tudo para viver uma vida espiritual?

Largar o que te faz feliz, que é bom, que é útil, que é verdadeiro e pacífico? Claro que não.

O que você tem que largar para ser espiritual?

Que tal a mania de achar que tem que ser assim ou assado. Você pode ser espiritualizado em um palácio ou em uma campina debaixo de uma lona. Você escolhe.

Mas é fácil ser espiritualizado tendo coisas. Quero ver na lona?

Não poderia ser o contrário? Não é fácil ser espiritual na lona e não na opulência?

 Você agora me deixou confuso...

Como faço para ser espiritualizado?

Você já é. Basta viver e reconhecer isso.

Está escrito!