Deus e eu
Estava Deus e eu. Deus em sua suavidade e eu na minha agonia. Deus olhava e sorria. Ao tempo que dizia : para que tanta agonia filho meu?
Eu não sabia o que dizer. Girava e despedaçado ,às vezes, sorria também.
Estávamos num lugar belíssimo e Deus em sua bondade não me julgava. E apenas escutava. Eu gritava e esperneava. Mas ele não reagia.
Atencioso aos pássaros admirava sua criação. Me olhava e eu não tinha medo.
Os girassóis sorriam e brilhavam. Ele se importava com a poeira. Me protegia, pois sabia das minhas fragilidades. Mas não me julgava.
A beleza dele é inenarrável e sua paz imensurável. Eu pulava e caia. Cantava na pior melodia. Eu não sabia cozinhar, mas ele sentava e sempre estava satisfeito. Eu o chamei pra assistir, mas ele disse que já estávamos no palco que o show já tinha começado. Ele não me respondia, mas em mim não restavam dúvidas. Se eu pensava em ter sede o ar me saciava.
Com Ele eu não me sentia só nem cansado. Ele não me julgava. Não me perguntava. Não chorava.
Então eu disse a Deus que tinha medo e ele não me ouviu.
Eu disse novamente a Deus que tinha medo e ele não me ouviu. E eu não fui a terceira vez porque Deus já estava agindo.
Eu tinha medo de uma pedra que a gente ainda ia passar . Nem se quer tínhamos visto. Mas Deus já estava agindo. Passamos e a pedra não estava lá. Eu ia comentar sobre, mas Deus já estava agindo e me silenciei.
Então Ele começou falar e eu não tive pressa. Não me senti com medo nem olhava para o relógio. Não lembro a hora nem dia. E Deus dizia: por que choras filho meu? Por que temes ? O que temes ?
Tu não vês que se a poeira vem Eu sou o teu Deus e em ti ela não se acomoda nem pensa em te tocar!?
Se o rio se ira e quer te afogar Eu sou o teu Deus e faça chuva ou faça sol nada te abalara!?
Se tu não vês nem sente. Então passe a sentir e ver. Pois tudo é incerto. Mas Eu o teu Deus não vivo na incerteza. E nada será em vão para aquele que crer.
Eu faço nascer e florir. Então, tende ânimo. Deus e eu fomos. E Ele não me julgava.
Ronaldo Crispim .