O primeiro enigma do ano

Desde o primeiro instante senti que ele era um cara enigmático, misterioso, alguém que não transparecia quem era pra qualquer pessoa. Era preciso se aproximar e ganhar sua atenção. Até um simples oi era difícil, nem tentei cumprimentar com um abraço, pois percebi a distância afetiva, resolvi então apenas cumprimentar de forma mais sucinta, sem afago ou algo semelhante, por mera educação e gentileza mesmo. A noite seguia e a curiosidade quase me matava, eu precisava saber a respeito daquele homem cheio de mistérios que quase não olhava nos meus olhos, seria medo de ver o brilho que existe neles? Não sei.

A galera conversava ao nosso redor, assuntos legais que eu poderia muito bem me meter e acrescentar algo, mas não queria isso, queria saber sobre aquele homem, uma palavra que saísse dos lábios dele ao menos já me ajudaria a quebrar essa enorme barreira de curiosidade saltitante que habitava em mim. Aproveitei o fato de estar bem ao lado dele e por fim resolvi puxar assunto, com um certo receio de não haver resposta ou ser extremamente grosseiro, mas ainda assim a curiosidade e a mulher tagarela que habita em mim fez com que eu tomasse coragem para falar.

Foi então que o assunto fluiu e eu não medi esforços para seguir tagarelando igual ou pior que uma caturrita. Aos poucos o homem misterioso foi deixando seu lado sombrio e eu fui conhecendo alguém cheio de coisas para contar, um tanto tímido ainda, mas bem mais solto do que no início. Um bom ouvinte, bem mais do que falante, mas isso ajudou na minha percepção. Dessa vez esse não é um texto romântico querido (a) leitor (a). Embora tenha ocorrido um beijo nessa descoberta toda, não se trata de uma paixão. Apenas um escrito sobre alguém que conheci, sempre que conheço alguém que desperta algo em mim, esse alguém acaba sendo homenageado com algum escrito, acho justo afinal se despertou algo em mim, merece esse destaque.

Vivemos com tantas pessoas ao redor, mas poucas ainda me chamam a atenção, talvez eu exija demais dos outros, não sei, mas o diferente, o misterioso, ah esse me fascina, me faz ascender um misto de descoberta como se eu fosse uma cientista e descobrisse a cura para alguma doença incurável. Não chega nesse patamar, mas conhecer pessoas interessantes sempre me fará despertar para algum lugar. Afinal, sempre aprendemos algo novo com as pessoas assim como elas aprendem conosco.