O vendedor de bonecas 
    Em uma sexta à noite, eu e meu namorado Enzo resolvemos ir a um restaurante japonês degustar sushi (minha comida favorita), no bairro Cristo Rei na cidade de Teresina. Eu adorava frequentar aquele lugar nos finais de semana, pois tinha suas particularidades.

    Recordo-me que, neste dia em especial, estávamos bem empolgados jogando conversa fora quando de repente chega ao estabelecimento um garotinho tímido, franzino, moreno, cabelos crespos e olhos escuros. Tinha mais ou menos oito anos de idade. Trazia em seus braços seis lindas bonecas de pano. Nunca o havíamos visto naquelas redondezas.

     Naquele momento, a criança toda acanhada, porém determinada, passava em todas as mesas do lugar mostrando suas formosas bonecas que tinham sido confeccionadas por sua humilde e talentosa mãe. Enquanto éramos servidos no restaurante, observávamos a criança de longe com suas bonecas, oferecendo-as a um e outro nas mesas.

     Para sua tristeza, quase todos que ali estavam o repelia, olhavam-no com bastante desprezo e, antes mesmo dele chegar ofertando as singelas bonecas às pessoas, com indiferença elas sempre lhe diziam um NÃO. Cada vez que isso lhe acontecia ele ficava desesperançoso. Naquele momento senti-me péssima! Reparei aquela situação do garoto ao tentar vender suas bonecas, sem êxito. Olhei no relógio, já no soar da meia-noite vi os olhos abaixados do menino com um ar de profunda tristeza.

    Pensei comigo mesma: “Em um mundo cheio de preconceitos, e esse rapazinho aqui vendendo bonecas, isso realmente é algo incomum de ver”, mas na verdade, incomum era ver uma criança tão jovem, ao mesmo tempo tão madura, dispondo-o com o trabalho que lhe era possível todas as noites. Quanta responsabilidade!

     Então, ao ver aquele menino quase se retirando dali, o chamei a minha mesa. Fiquei muito curiosa e fiz algumas perguntas ao garoto sobre sua vida, sobre sua mãe. Durante nossa breve conversa, logo fui escolhendo a minha boneca, que era admirável e simplesmente linda. Feita artesanalmente com retalhos e chita. Era a mais bela! Possuía cabelos longos entrançados cor de rosa, suas vestes era um vestido florido no tom lilás e branco.

    Depois de um tempo apreciando a boneca, peguei-a de suas mãos e a comprei. Ahh! Nada foi mais lindo e gratificante quanto à felicidade daquele menino. Incomparável! Mas o incrível foi a reação das pessoas, pois tocados e sensibilizados com a felicidade daquela criança tiveram outra atitude.

    Em seguida, os que ainda estavam lá, resolveram comprar as bonequinhas que ainda faltavam. Por fim, não lhe restou nenhuma, porque o garotinho conseguiu finalmente vender todas, e o mesmo já não voltara para casa com as mãos vazias. Isso me deixou tão feliz que depois do meu jantar no restaurante, retornei para casa extasiada. 

    O que aprendi com isso? É que a cada dia a vida nos ensina uma lição: devemos ser mais humanos, sensatos, humildes e ter empatia para com o próximo. Para sermos felizes precisamos praticar a bondade! 


Texto baseado em fatos reais!


Dedico esse texto ao menino (desconhecido) que foi minha fonte de inspiração, ao meu namorado; aos meus amigos e colegas de profissão que me ajudaram nas revisões e por fim dedico a minha princesa Marília (dona da boneca de pano atualmente).

 

 
Ana Carolina Ferraz
Enviado por Ana Carolina Ferraz em 23/01/2020
Reeditado em 07/05/2020
Código do texto: T6848569
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