Esperança para um mundo que parece desconhece-la

A falta de inspiração é tão dolorida quanto uma ausência. O silêncio, essa categoria simples, renovadora e repleta de interpretação, é navalha na carne quando se tem tanto a dizer. Às vezes escrevo puramente pela imensa necessidade de falar. Eu tenho voz nas mãos e elas gritam. Eu tenho voz nas mãos para olhos que ouvem.

Entretanto, sei reconhecer a necessidade de se resguardar e isso está longe de ser uma desculpa para meus desaparecimentos constantes. Tolo é quem se acha capaz de falar e debater sobre tudo. Quando você não acredita mais em uma causa, um lugar ou alguém, é porque não vale mais à pena ficar. E eu sei que a culpa também é minha. Estamos perdendo o jeito com as pessoas. Estamos perdendo o jeito como pessoas.

Eu por exemplo, tento não falar do Brasil, do mundo e toda a sujeira que por aí vemos, e junto a isso tento não os misturar nos meus conflitos particulares e toda a conjunção estelar do meu peito – considerando aqui que sobrevivo de caos. Mas não é estranho que sendo tão paixão alguém consiga separar estas duas coisas?

O brasileiro, assim como eu, vive de superação. Mas, num contexto em que todos estão com os nervos à flor da pele, tendo a ansiedade como seu grande algoz, só superação não assegura aos nossos corações que dias melhores irão surgir.

Será preciso muita audácia. E esperança. Esperança para um mundo que parece desconhece-la. Minha sorte, é que isso eu tenho.

#TextoDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 30/01/2020
Reeditado em 30/01/2020
Código do texto: T6854258
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