A dança da decepção

Damas e cavalheiros se arrumem, a postura curvada é a essência do negócio, ombros caídos, passos lentos e perdidos, a dança está para começar.

Os dançarinos vão entrando no ritmo da melodia sofrida, balançam os corpos devagar, quase como uma leve tremedeira, alguns até ousam dar rodopios solitários pelo salão, até a brisa suave que corre durante a dança é corrompida com tanta melancolia, o tom bege das paredes vai acrescentando mais ardor naquele momento.

As circunstâncias não são agradáveis, mas é inevitável passar pela dança, todo mundo um dia já passou ou vai passar, seja por um catastrófico fim de namoro ou por uma demissão inesperada, todo mundo têm que dançar. E cada um reage de um jeito, uns choram desesperados, outros só encaram a dança como uma companheira ou ignoram a música e continuam vivendo, achando que podem escapar, quem dera fosse tão fácil.

Em um momento a dança acaba, quando a percepção volta, quando o juízo penetra o subconsciente e a normalidade se instala, até que comece outra dança. Enquanto escrevo, sinto o meu corpo estranho, um som fraco e melancólico me invade, meus pés começam a mexer, nervosos, sinto o meu corpo balançando, lento e perdido.

Me concede esta dança?

Brenda Nascimento
Enviado por Brenda Nascimento em 02/02/2020
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