Seria muito, pedir um nude... da alma?

Sou de um tempo passado. Minha geração foi marcada pelo ato de escrever cartas (principalmente de amor) numa folha de caderno de pautas. Sim! Isso era muito comum e também a única opção em que poderíamos tocar de longe o coração (e assim também, a alma) de alguém. Era tão nobre, perder algumas horas, pensando em como atingir o lugar mais profundo daquele coração tão desejado, mesmo sem ter a certeza de que tal façanha daria certo. O que valia mesmo era a empolgação de soltar a caneta no papel, dando vida aos sentimentos mais puros que ali criavam sua morada. Isso aquecia o coração de uma tal maneira! Pensar naquela letra de música, para colocar junto ao texto, era uma apelação cativante! Usar uma tesoura pra fazer depois um recorte nas bordas e colar uns adesivos, também ajudavam bastante no objetivo final. Naquela época, a gente fazia uma obra de arte e não sabia. Era dedicada tamanha importância no processo, desde a decisão de escrever, até saber que foi entregue e lida. Mas uma coisa a gente sabia... que a resposta iria demorar! Dias, semanas, com algum certo azar: meses. Mas era algo natural. Fazia parte da jogada, aguardar ansiosamente pela resposta, que, eu repito: nem sempre era afirmativa! Hoje em dia, com a evolução da tecnologia, nos tornamos seres totalmente gelados, dependentes e escravos! Ela burla a maior parte do processo e retira todo o brilho da obra. Com apenas alguns cliques e "nudes" é possível ultrapassar tudo e alcançar um objetivo distorcido e mascarado de "amor". Muito se apega ao exterior e pouco se interessa pelo interior. Tocar o coração pode ser fácil hoje... mas tocar na alma é muito mais produtivo. Por isso, o ideal na minha opinião é pedir e mandar nudes da alma! É estar disposto a se abrir com alguém! Acredito que assim os relacionamentos criem a devida raiz para o amor e a amizade. Claro que existem algumas ressalvas e exceções no meio disso tudo e eu conheço pessoas que estão juntas e felizes, ou que se dão muito bem por causa da tecnologia. Raridade! No mais, essas são apenas as palavras de um cara de outra época!