Ah se pudesse escolher identidades avulsas para compor uma trilha sonora dos que, feito mágicos ou fadas, promovem seus encantos em forma de toques sutis que trafegam em nossa alma como um trem de histórias. A música tem esse trejeito escandaloso, faz rocha criar sulcos profundos que transportam as dores e os amores em face, por acumulá-los em órgão nobre que, entre lágrimas e sorrisos trazem à tona a bailarina que mesmo tímida, ensaia seu próximo espetáculo de sapateado em terra firme. Os altos e baixos vão dando o equilíbrio necessário para manter de pé, apesar de machucados, o esforço fica escondido debaixo da sapatilha brilhante e a dor, da especialista em disfarce, vai se embutindo e dando lugar à beleza e sincronicidade tocantes até o último movimento. Queria navegar nos mares sagrados da inspiração de Chico Buarque e trazer para o mundo a delicadeza dos “ais” de cada um, tão bem cantadas por ele; quem sabe, um chão de giz, tão marcante, mas ao mesmo tempo sensível ao choro, que Zé Ramalho transformou em tom; ou um Oceano de emoções sintonizadas em Djavan ou “dejavu”. E qual é a música que embala uma bailarina enquanto coloca os sonhos pra dormir em travesseiro de pena de ganso ou quando guarda seus sentimentos na gaveta do armário, procrastinando à emoção de viver, como se houvesse um melhor momento? É a música que só ouve e dança quem deixou seus sapatos pra trás porque pesavam a alma. Em cantos, à ordem! Faz sentido... Dance como se ninguém te visse, porque no fundo, poucos se veem...
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 05/02/2020
Reeditado em 05/02/2020
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