A beleza é um atributo da alma, que por vezes se perpassa aos olhos do prometido.  Há os de que, dela, se imbuem, e a carregam vida afora.
Nasci em 1955, e vejo, à minha volta, tiros de canhão, flores, Beatles, filmes de Fellini, e hippies. 
Menina de olhos azuis dourados, esses são os anos setenta chegando, voe alto...
Quando François Truffaut, em 1975, me ofereceu o papel de Adele H, não hesitei.  Seria meu momento de derradeira entrega.   Ela vive uma obsessiva paixão não correspondida por um oficial militar, o que vai lhe tomando todas as suas defesas, até sucumbí-la, por completo.   Ao aceitar contracenar, tinha vinte anos somente, porém lapidados com fôlego emocional.    Eu cresci, e Adele H se materializou.
A Historia de Adele H segue sendo meu trabalho mais referendado, e é lindo que tenha sido o retrato de minha mocidade.    Mas guardo, com carinho, tantas outras atuações, em que tive, por honra, o mérito de atuar.
Meu nome é Isabelle Adjani, francesa, de origem alemã e argelina, que não calou contra a discriminação feita a colonia, fazendo clara a minha voz.
Isabelle, e sua beleza etérea, inexorável.  Que só possa se encaixar em, nada menos, do que um filme de Truffaut, aos seus 20 anos de idade, enlouquecendo por uma paixão.
A lingua francesa nos facilita o sublime e concede o som.  Isabelle.
Shila Kalmi
Enviado por Shila Kalmi em 12/02/2020
Reeditado em 12/02/2020
Código do texto: T6864475
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