COMO LIDAR COM MÃE DE PATUDO CHEIA DE MIMIMI QUE NÃO DESPREGA O OLHO DO FILHO NA HORA DO BANHO E TOSA

Siga passo a passo as orientações... É tiro e queda !

Você se sente extremamente desconfortável diante da manifestação de louca ternura da mãe aflita e atenta a qualquer gesto seu que possa te enquadrar como franca ameaça a vida daquela pulguenta criatura... Ainda que o gracioso cãozinho seja um exemplar de pureza no quesito da epiderme.

No entanto, tá lá... aquele franco estrupício materno te fuzilando com os olhos ao menor gesto teu que possa ser denunciado como golpe de um carrasco desalmado a uma inocente criatura... Ainda que você esteja pleno e inchado das mais excelsas e sublimes intenções. Como agir ?

Entenda que você está diante de uma mãe aflita de patudo... Então a tática é: Entre nesse universo delirante onde ela está mergulhada em sufocado e sufocante amor desmedido e inclua-se no cenário, assim... Lance o olhar em direção ao cachorro... Arregale os olhos... (Como quem se depara com algo extremamente preocupante, tipo uma pulga ou carrapato)... Mas não diga nada... (Lembre-se que de que a tal mãe estará atenta a suas mínimas expressões)... Abaixe a cabeça lentamente... Em seguida vá levantando os olhos em direção ao estrupício (a mãe, não o cachorro) e olhe bem nos olhos daquela “santa criatura”. Aproxime-se com ar de seriedade... (Você tem que incorporar o personagem, entende?)... Vale franzir a testa... com ar de extrema preocupação... (Só não exagera muito a ponto de ela achar que você está prestes a ter um ataque cardíaco)... Em seguida, coloque a mão no ombro daquele “ícone de expressão materna” e diga-lhe pausadamente, em tom de gravidade: “Mãe... Precisamos conversar seriamente sobre o seu filho!”... Ao mesmo tempo, vá conduzindo a criatura materna a uma sala reservada... Peça que se sente... (Lembre-se: gestos pausados, ares de gravidade e rugas de preocupação)... Diga-lhe: “Seja forte !... O médico veterinário virá conversar sobre seu filho.” A essa altura, a “mãe” estará ofegante de ansiedade e com o coração pululante na mão, prevendo que algo muito grave ( bem mais grave do que a temida tesoura de tosa em suas mãos) lhe será revelado sobre o seu patudo filho querido, cujo impacto cairá como uma bomba sobre sua cabeça... A partir daí, pode seguir tranquilo para a mesa de tosa, longe dos olhos aflitos e perturbadores da “mãe mimimi”... Ela estará aguardando a presença do médico veterinário que virá ter a hipotética conversa séria sobre seu filho... Enquanto isso, você estará exercendo a sua atividade em paz e segurança. Terminado o serviço, vá até a sala reservada onde a “mãe aflita” ainda estará aguardando a presença do médico-veterinário para a fatídica conversa... Entregue-lhe o cachorro tosado (Agora você pode relaxar, o momento crítico da tosa passou) e diga: “Sinto muito. Houve um imprevisto e o médico precisou sair em atendimento urgente a um paciente que se engasgou com osso de galinha” (Diga que foi osso de galinha... É um detalhe sempre assustador)... E continue: “Mas na ausência do médico, eu estou autorizado a conversar sobre o assunto”... Ela dirá: “Sim... Por favor... Diga: O que há com meu filho ? O que ele tem ?”... Então você pode revelar tranquilamente: “Ele tem um carrapato... E é aconselhável que a senhora aplique um carrapaticida nele”... Pronto !... É essa a orientação... (Mas o que acontece depois, sinceramente, eu não posso prever... Só acho aconselhável que você se proteja contra um possível arremesso de objetos em sua direção)... Nunca se sabe do que uma “mãe mimimi de patudo” é capaz ... E o que ela traz na bolsa... Pode ser tiro e queda, mesmo!