O GOLPE DA ÁGUA

Antônio Coletto

Deus no noticiário da televisão e, no dia seguinte, estampado nas páginas dos jornais. - Uma mulher comprou uma garrafa de água em um semáforo na Zona Oeste do Rio de Janeiro e, após beber, começou a sentir-se mal. Ao relatar o caso, lembrou apenas de ter acordado em uma lanchonete, sem o carro, obviamente. Uma pessoa lhe vendeu a água contaminada por alguma substância desconhecida, e uma outra a seguiu de moto para socorrê-la e levar-lhe o carro e tudo que trazia consigo. A água foi analisada e constataram a contaminação que tirou os sentidos da vítima.

Como faço todos os dias, após o almoço, à frente de meu note boock, recebi a inusitada notícia. Mais um golpe bem engendrado. Os semáforos movimentados de qualquer cidade e os engarrafamentos de trânsito mostram-se lugares ideais para a prática, pois ali se encontram vendedores ambulantes, artistas do cotidiano, crianças e adolescentes buscando faturar alguns trocados.

Pois bem, infiltrado entre os vendedores honestos e necessitados, o golpista que vende o produto contaminado. Do outro lado o comparsa de moto à espera. Comprada e bebida a água, todos a postos, mais uma vítima amparada pelo bom samaritano que a deixa limpa, sem o carro, em algum lugar para receber o socorro devido.

Lembro-me que há poucos dias foi noticiado que a miséria no Brasil, ao invés de diminuir dado ao empenho do governo, acabou por aumentar. Mas o governo sempre se rejubilou por aumentar, ano a ano, o número de bolsas concedidas. Seria isto uma inversão satisfativa??? - Denis Diderot, pensador e filósofo francês (1713/1.7840) dizia: “os pensamentos são as minhas putas”. Aqui no meu cantinho, tendo somente “as minhas putas”, ou, as de Diderot, por companhia, fiquei imaginando que, provavelmente, os ambulantes que vendem nos semáforos e engarrafamentos, perdendo seus lugares pelos golpistas, ficaram desempregados. Como são trabalhadores informais não aumentam os índices de desempregados, mas promovem aumento extraordinário no número de miseráveis e indigentes no país. Fica, assim, o alerta, não com a intenção de desalojarem mais ambulantes de seus pontos de venda, mas no sentido de serem os incautos prevenidos em face dos malandros que surgem como erva daninha em qualquer lugar.

Uberlândia, 16-12-14.

Antônio Coletto

ANTÔNIO COLETTO
Enviado por ANTÔNIO COLETTO em 17/02/2020
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