JANGADA

Nos tempos do IPN, seminário menor de Itajubá, década de sessenta, eu tinha acabado de completar 14 anos.

Estava feliz e encantado com as novas amizades, com a nova cidade com os costumes locais e com os colegas procedentes de diversas localidades do país e atento aos ensinamentos daqueles padres holandeses dos quais já conhecia pois na minha cidade natal eram oriundo dos países baixos também.

Para amenizar a saudade da casa paterna agrupávamos com aqueles meninos que tínhamos mais afinidades e falávamos daquilo fazíamos e que deixamos em nossa terra natal....

Uma das minhas lembranças mais saudosas era da fazenda da vovó lugar de onde guardo as mais doces lembranças.

Mas um dos colegas que logo nos primeiros dias de chegada no colégio interno foi com um menino baixo, mas estruturalmente forte de tês morena vindo extremo norte do Brasil, do Maranhão de onde falava-se muito em de suas tradições e história de seu povo ...

Ribamar ao ouvir minhas estórias lá da fazenda da mata onde construi com troncos de bananeiras uma jangada na qual eu passava o dia navegando o córrego represado que percorria toda lateral sul da sede da fazenda ladeando o pomar até a pequena cachoeira que havia nos fundos do pomar onde havia parte das macieiras!

O já amigo maranhense começava acostar agora suas estória lá de sua terra...

Dizia ele:

- ah Adauto numa de nossas férias que levar você comigo lá no Maranhão para conhecer minha família, Meus amigos!

Meu país constrói jangadas e além de constituir para atender pedidos temos algumas para nosso uso, para transporte e para pesca.

Eu ficava atento às narrativas e podia imaginar as jangadas feitas de tronco de madeira, com vela, e com remo!

Ficava a imaginar ....e até com vergonha da minha jangada de paus de bananeira, bem simples, apenas flutuava e se movia através de uma vara de bambu para empurra lá.

Mas começava a imaginar quão bom seria ir com o amigo...mas aos poucos fui percebendo a dimensão da viagem e como poderia deixar de usufruir de nossas curtas férias ... deixaria de visitar Meus país em São Paulo e Meus avós,tios e primos em Minas Gerais?

O sonho de citar aquele convite tentador...foi ficando para trás... Os anos foram passando e acontecia que cada vez que íamos visitar nossa casa paterna ansiosos pelo regresso....às vezes né, nos despedíamos dos nossos novos colegas pois cada um tomava destino diferente e...ao regressarmos para o seminário... aos pouco íamos percebendo a falta de um ou de outro e acabávamos com o tempo descobríamos que deste ausentes...uns foram convidados a sair...outros por algum motivo não voltaram e naqueles anos...não havia tanta facilidade de contatar alguém de longe. Pois de alguns lugares era único como no caso do maraenhense, Ribamar.

Certa vez, no meu retorno não encontramos mais o amigo maraenhense.

Há há mais de meio século o encontro dos ex alunos, dos quais participei de alguns.

Muitos aparecem ou dão notícias mas alguns permanecem afastados e sem notícias sobre o que aconteceu e onde vivem.

José Ribamar é um destes colegas que perdi o contato...ficando apenas a lembrança e a saudade de um amigo da infância.Assim como dezenas de outros que fizeram parte de minha infância que perdi o contato totalmente.

Restou me apenas a saudade!