INTELLIGENTSIA X INTELIGÊNCIA

Primeiramente, vejamos o que, teoricamente, significa o termo: intelligentsia.

Usualmente, refere-se a categoria ou grupo de pessoas envolvidas em trabalho intelectual complexo, criativo, direcionado ao desenvolvimento e disseminação da cultura, abrangendo trabalhadores intelectuais.

Como, invariavelmente, a teoria, na prática, é outra, a realidade factual é bem distinta.

A civilização se movimenta por ondas, desde priscas eras, e conforme a evolução tecnológica tornou tal ondulação, progressivamente, mais e mais globalizada, simultânea, passamos a ter predominâncias de caráter global, que se sucedem ao longo de décadas, conforme interesses de quem manipula a informação.

Do início do século XX para cá temos: A eugenia, que, ao contrário do que bufam hoje os intelectóides, era defendida por, praticamente, todos os intelectuais da época, da extrema esquerda à direita, sem exceção. “Quando as discussões sobre a eugenia foram introduzidas no Brasil nas primeiras décadas do século XX, suas idéias e pressupostos tornaram-se recorrentes no meio intelectual e científico, especialmente entre médicos, higienistas, juristas e educadores.” Até Paulo Freire, que propalou aos quatro ventos a morenice garbosa do brasileiro, flertou com os movimentos eugenistas.

Depois vieram as idéias de tutela governativa, com o imperialismo sobre nações pobres, também incluindo regimes vários, da extrema esquerda à extrema direita, passando por outros mais centrais. O que os diferenciava um pouco era o nível de hipocrisia. Enquanto uns diziam que podiam, simplesmente, dominar, outros afirmavam que estavam invadindo e administrando para “libertar o povo”. Ao cabo de algum tempo, todas essas iniciativas caducaram, mostrando-se prejudiciais, contrárias aos povos dominados e patéticas.

O terceiro maior movimento, que se estende até o momento atual, em diferentes níveis, conforme o território e a forma de governo, é a ingerência subliminar, ou doutrinação, seja ela de esquerda, direita ou alienígena. Quando a estratégia de poder pela força se mostrou chula e nula, começou a se formar uma outra, de disseminação de notícias, costumes, valores sociais, mensagens artísticas, currículos de educação e assistência religiosa. No início, em meados do século passado, as diretrizes ideológicas se equivaliam e digladiavam, mas, aos poucos, sem grande alarde e sem chamar a atenção de antipatizantes, a maioria dos setores sociais ativos, em termos de alcance ideológico, passaram a estender suas metas em múltiplas direções, para alcançar um domínio global em algumas décadas, posicionando-se à esquerda, abrangendo todos os aspectos do cotidiano do cidadão comum, desde o iletrado até o pseudo intelectual, que, mesmo doutrinado, sente-se independente, livre, original e culto, ainda que desconheça o passado de seu planeta, de seu país (o verdadeiro, não o revisto), e o conhecimento clássico.

Definição formal de inteligência:

- faculdade de conhecer, compreender e aprender.

- capacidade de compreender, resolver problemas, conflitos e de adaptar-se a novas situações

O próprio Nietzche, endeusado pela Inteligentsia, afirmou que “inteligente é aquele que não se prende a ideologias, partidarismos, ordens doutrinárias, para que tenha a liberdade de conduzir suas reflexões de modo independente, sem a interferência padronizada de outrem.”

Existem diversas definições mais, porém, essa é tão enfaticamente esclarecedora, que prescinde de outra qualquer. A partir de tal premissa, temos que os pensadores efetivos e reais nestes nossos dias, que devem ser levados a sério, em suas declarações, seus trabalhos, seus devaneios, são, extremamente, raros, dado que quase ninguém está liberto das amarras sutis de uma corrente ideológica, impregnado de amores e ódios, julgando-se detentor de sabedoria singular e capacitado a conduzir a gente simples à culminância do horizonte civilizatório!?!

Existe uma predominância de pensamentos e atitudes, entre todos os que se julgam intelectuais, que abrange diversos setores sociais, e essa predominância pretende ditar o certo e errado, de acordo com simpatias e antipatias, atribuindo culpas e desculpas, conforme o foco do objeto em pauta. Mesmo que tais pessoas e instituições estivessem, efetivamente, bastante capacitadas, o que não é o caso, como já está explicado acima, ainda assim estaria errado agir de tal forma, porquanto o livre arbítrio deve ser amplamente respeitado, mesmo que a escolha do indivíduo ou grupo de indivíduos seja contrária ao que penso. Aliás, mais que respeitada, ela deve ser tratada com isonomia, placidez, serenidade e bom senso.

Se nosso antipatizante erra, nosso simpatizante age do mesmo modo, e isso ocorre por sermos corruptíveis, ambiciosos, e só nos difere o nível de erro. Quem erra menos deve poder ter a oportunidade de produzir melhorias. Se nos opomos a isso, somos fantoches doutrinados.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 25/02/2020
Código do texto: T6874058
Classificação de conteúdo: seguro