Pés

Preciso confessar uma coisa: sou tarado por pés. Não me estranhe, justifico-me, como verá. Afinal, mulheres são indispensáveis, sendo que não conseguimos viver sem elas, apesar de haver algumas situações críticas, como esta em que nos ligam querendo saber: “Tudo bem? E aí, a cerveja com os amigos está boa? Quem está com você?”.

Porém, como disse, tratarei aqui de pés! Vejam só… Lembro-me de três casos reais, em que eu estava presente. E um quarto das telas da ficção…

O primeiro foi há algum tempo no metrô. Eu estava indo de terno para o estágio, segurando na barra. Então, uma linda morena de pele clara, com cabelos castanhos, estindo roupa social, de saia e salto alto, entrou no vagão segurando uma pasta.

O detalhe marcante foi sua tornozeleira. Fininha, de prata, embelezava seu lindo pé delicado. Tinha um tornozelo um pouco grosso, bem modelado, realmente, belíssimo.

Minha viagem tornou-se mais agradável, mais prazerosa e me remeteu para outros lugares. Viajei dali para outro vagão, talvez o mesmo, só que vazio, onde eu beijava e lambia seus pés como seu fiel servo.

Pois é, acho que somente me rebaixo a servo ou a vassalo de mulheres, das com pés bonitos e perfumados. Devem ser bem cuidados… As unhas bem feitas e pintadas é fundamental, devo dizer.

A segunda vez foi recentemente num curso que eu fazia. A moça tinha pele dourada aturalmente e no pé a tatuagem de uma estrela. Isso também chamou minha atenção e me tirou um pouco do ar durante as aulas. Ah! Quando lembro dela de pernas cruzadas com o pé à mostra…

A última, ou melhor, o último pé foi ontem no cursinho. Um belo pé de pele clara, de uma dona loira bem humorada. Com uma tornozeleira, fica sexy e poderoso, charmoso e vivo! Ganha vida!

No cinema, tratava-se de uma comédia em que um maluco rouba todos os sapatos de sua paixão secreta. Um tarado por pés?!

A verdade, caro leitor, é que pés bem cuidados, cada qual a seu modo, possui encanto e magia, ou melhor, a poesia inerente a cada um deles. E isso, para alguns pobres mortais como eu, trata-se de nosso calcanhar de aquiles…

Publicado originalmente em Mundo Mundano, em 31/03/2011.

Posteriormente, em participação no livro.

São Paulo. Nicholas Merlone.