COM O “BICO” ARDENDO
“Cukpisca” é, segundo especialistas, a melhor pimenta do Brasil.
Deixa a consagrada Tabasco para trás. Bem “atrás”, mesmo! E estou falando da “Tabasco full“, aquela mais fortinha. Uma que exige maior cautela na degustação.
Motivado pelo tema, convidei a moçada para um churrasco em meu bunker lá de casa. Regado a picanha e toda a sorte de delícias que a gastronomia oferece, fizemos a chamada dos contumazes comilões.
Vieram todos, sem baixas. E claro, veio também o meu sobrinho Rafa, um rapaz apaixonado por “carbono 14”, em todas as suas versões comestíveis.
Seguindo o protocolo, as preliminares de sempre. Pela ordem; as calabresas, depois os crocantes franguinhos, tudo ao ponto e ancorado por aperitivos, refrigerantes e cervejas, glacialmente geladas.
No animado vozerio, rolavam em bandejas as cabeças de parlamentares, BBBs e todos que se movessem monitorados por tornozeleiras eletrônicas.
E para a alegria geral, e principalmente do Rafa, partimos para o prato principal; a suculenta picanha maturada e fatiada, ao gosto do freguês.
E o destemido Rafa, arquétipo do macho tupiniquim, serviu-se de sua porção de pimenta regada a picanha. Com voz grossa e mordiscantes investidas, devorou a iguaria de boa, sem fazer careta.
— Espero que a pimenta não seja “biquinho”. — tripudiou gargalhando.
Contei até mil, resignado. Queria ouvir suas impressões.
— Hummm! Boa esta picanha. E a pimenta… é Tabasco full? Não vi a embalagem.
— Não! — retruquei. É de uma “safra” especial.
— ARRAMMMM! Fortinha, né?
— Rafa havia experimentado sua picanha gotejada pela tal “biquinho”, desconhecida dele.
— Que pimenta é essa? Fala logo, homem. ARRAMMMM!
— "Cukpiska.
— Cu o quê? — risadas foram ouvidas a quilômetros.
Rafa então parou, e lacrimejando, bradou em chamas:
— Á-água ou leite, pelo amor de deus!
— Como? — retruquei, serenamente. — Serve um extintor de incêndio?
Era impossível conter o riso diante da hilária cena.
— Sim… não… qualquer coisa que apague este fogaréu! Expeliu as palavras sorvendo toda a água, refrigerante e cerveja que encontrou sobre a mesa.
Acabou usando até um secador de cabelos no modo frio, para refrescar o “calorzinho” da "Cukpisca".
— Gostou da franquia, Rafa?
— É! Eu deveria ter ficado com a b-biquinho.
O churrasco terminou, e Rafa se foi deixando para trás “seu velho amigo” queimado na bituca. Tudo culpa da "Cukpisca", a melhor pimenta do Brasil.
Bem, pimenta é algo de momento, tão, ou mais estimulante do que qualquer coisa desenvolvida para gerar “calientes” sensações gastronômicas.
Liguei para ele no dia seguinte para saber se estava tudo bem, coisa e tal.
Mas o assunto acabou sendo outro: aquecimento global.