SALVE A FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE

TEXTO: SERRAOMANOEL.

     Devo afirmar com imensurável orgulho que tive a honra de não só estudar, como também de ter respirado os ares da sapiência histórica da faculdade de direito do recife,de gerações e gerações  de grande nomes que por lá passaram pelas suas bancas e que de pronto puseram os seus conhecimentos em prol do Brasil. Sou da geração - turma do ano de 1985 - agosto - noturno.

     De acordo com o Professor Pinto Ferreira, D. Pedro I, ao sancionar a carta de lei de 11 de agosto de 1827, criou dois cursos jurídicos no Brasil. Um em São Paulo e o outro em Olinda. Foi ministro  referendário da dita lei, José Feliciano Fernandes Pinheiro, Visconde de São Leopoldo. Ambas as academias cresceram, agigantaram-se e dominaram a cultura brasileira.

     O curso jurídico de Olinda instalou-se solenemente em 15 de maio de 1828  no poético mosteiro de São Bento. As aulas abriram-se a 2 de junho, matriculando-se 41 estudantes, tendo o Dr. Lourenço José Ribeiro proferido a aula inaugural.

     Em 1852 o curso jurídico foi transferido do Mosteiro de São Bento para o Palácio dos Antigos Governadores.

     Em 1854 a Academia transfere-se para a Rua dos Hospício, no Recife, em prédio que na opinião geral, não foi convenientemente preparado para recebê-la. Era um velho casarão logo apelidado de pardieiro, sempre com protestos de alunos e mestres. Ao seu lado, em outro velho prédio, funcionavem a Biblioteca e o Curso anexo.

     Finalmente, surgiu o majestoso Palácio da Faculdade de Direito, centralizado numa praça ajardinada, que ocupa área de 3.600 metros quadrados. Na época, segundo documentos oficiais arquivados, sua construção custou dois mil cont 
 os de réis.É uma verdadeira jóia de arte, com que a nação premiou o saber jurídico brasileiro.

     Em 16 de março d 1912 efetuou-se a mudança da Faculdade para o seu novo palácio, com o seu nobre estilo, mobiliário luxuoso, slão de espelhos, a biblioteca enriquecida.
     
     Durante muito tempo o prédio manteve intacta a sua estrutura interna. Somente na década dos anos 60, com o crescimento da Faculdade em dimensionamento material, foram  aproveitados espaços, e,  para tanto, se fizeram obras. Foi completamente reformado, dotado de salas com ar condicionado e mobiliário.

     Os tempos passaram. E, com eles. foi o zelo pelo majestoso palácio. Um verdadeiro monumento arquitetônico que é orgulho não só para o nordeste como para os brasileiros em geral, verdadeiro cartão-de-visitas e prova da cultura de um povo, de uma juventude intelectualizada.

     A nossa Faculdade de Direito acolheu dois presidentes: Epitácio Pessoa, em 1886 e Nilo Peçanha em 1887. O primeiro paraibano, o segundo fluminense. E outros nomes, os quais enriqueceram a nossa cultura e que passaram pela nossa Casa Jurídica como: Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Fagundes Varela, Castro Alves, José de Alencar, Tobias Barreto, Clóvis Bevillaqua, Silvio Romero, Adolfo Cisne, Assis Chateaubriand, Agamenon Magalhães, Luis Câmara Cascudo, e tantos. A Faculdade de Direito não se agasalhou numa concha. Saiu para o mundo, para viver no mundo e também contestá-lo e transforma-lo. O romantismo dos seus estudantes chegou ao  sacrifício da própria vida.

     São nomes que evocam um passado, testemunham uma grandeza, simbolizam uma epópeia de cultura, com a sua galeria de admiradores.

      Salve a Faculdade de Direito do Recife.
serraomanoel
Enviado por serraomanoel em 10/10/2007
Reeditado em 13/01/2008
Código do texto: T687931
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