Moça do Interior

Moça do interior chegou na cidade, com seus olhos grandes e o jeito sapeca. O sotaque denunciava a origem. E a simpatia ganhou a atenção geral. Orgulhava-se de duas coisas, o berço sertanejo e a amiga mais íntima, sua mãe.

De sua terra falava com gosto. Campos que se estendiam até o horizonte, o encontro verde com o azul do céu e nas entre safras, a vibrante terra tombada. As brincadeiras na fazenda do avô, com um sem número de primos. As galinhadas e os namoricos na praça da igreja. Eram histórias recheadas de personagens pitorescos. Turcos abastados, tias carolas e cantadores de catira. Uma profusão de cores, texturas e sabores que fazia a delícia de quantos a ouviam.

De sua mãe, seu maior orgulho, não se contentava só em falar. Levava os novos amigos para conhecê-la. E aquela senhora realmente encantava. Recebia deliciosamente, numa casa onde não faltava um bom café e muita alegria. Sábia senhora. Acabava por conhecer cada um dos amigos, sem precisar perguntar nada. Era difícil resistir-lhe.

Grande pequena menina trouxe o campo para a cidade, não se impressionou. Mas impressionava. Menina moça, flor em botão. Nos bailes, a última a chegar e a primeira a sair. Aguçava a curiosidade. Mistério que mantinha os meninos interessados e as meninas com inveja. E ela rindo das situações que provocava.

Moça do interior, em seu interior um universo, poderoso em sua ingenuidade, cativante em sua inocência. Inesquecível...