O crime do palhaço

Um rapaz que trabalhava como palhaço no circo de sua família numa reportagem para uma televisão local, disse que conheceu uma moça muito bonita na plateia. Que após o espetáculo a assediou e começaram a ter um relacionamento amoroso.

Que por viajar por muitas cidades, só a via por algumas temporadas. Que por ser muito bonita e extrovertida era muito assediada por outros rapazes, inclusive por seu irmão; mas que não tinha prova de sua infidelidade. Que brigavam muito por ciúmes, separavam e voltavam. Que a amava muito e tiveram um filho que os uniram bastante.

Que certo dia ela o convenceu a morarem juntos em Teresina, Piauí, onde seu pai tinha uma empresa de táxi e lhe arrumaria um emprego de motorista. Que foi ressentido por deixar o circo e uma profissão que tanto amava; que era feliz ao lado da mulher. Mas que depois que ela começou a fazer faculdade ficou indiferente, e cada dia mais distante.

E que em 2010 tirou a vida de sua esposa, um crime que chocou a população de Teresina, Piauí. Em seu depoimento conta que num determinado dia desconfiou de sua mulher que estava demorando a voltar da faculdade, que o celular dela não atendia de forma alguma; que depois de muito procurar encontrou-a num posto de gasolina saindo de uma camionete e beijando um homem; que nervoso abordou-a dentro do carro e que sua arma de fogo disparou matando-a instantaneamente e que fugiu, mas foi preso pouco tempo depois.

Em 2012, o Tribunal Popular do Júri entendeu como homicídio culposo, sem a intenção de matar, com pena de dois anos e quatro meses de prisão, convertida em pagamento de cestas básicas. Os advogados de defesa da vítima recorreram da decisão, que foi anulada. Em 2015, foi julgado novamente pelo Júri Popular, onde o juiz acatou a tese da defesa de homicídio duplamente qualificado e aplicou uma pena de 14 anos e seis meses de prisão. Foragido da Justiça foi encontrando de volta ao circo da família e recolhido à prisão.

Goiânia, 21-03-2020

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 21/03/2020
Reeditado em 22/03/2020
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