O TEMPO DO ÓCIO

Ninguém gosta de observar a vida. Preferimos deixar ela passar e ficar envolvido em trabalho, cursos e algumas brigas por razões.

Quando foi dito PARE, a pergunta que mais me fizeram foi: Como? Não sei ficar em casa parado.

Ficar em casa uns dias vai ser até interessante. Uma coisa que em primeiro lugar você vai descobrir é que não mora sozinho. Como assim?

Muitos de nós já ligou o automático a tanto tempo que não sabe dizer quem está na casa com você. Não sabe informar nem a roupa que vestiu para sair.

Não reconhece mais a voz de quem clama durante o dia a dia. Agora vai poder reconhecer novamente todos.

Vai ouvir o marido, filho e esposa pedir algo diferente para comer e vai ficar surpreso ao descobrir que alguém da casa gosta até de jiló. E que sorrir ainda vale mais que a razão.

Vai poder olhar nos olhos do marido e descobrir que ainda se amam, ou ver que a esposa não é tudo aquilo que você reclama no trabalho.

Também poderá entender que nem tudo que foi produzido você precisa comprar, nem tudo envolve dinheiro.

O abraço que você tanto está resmungando hoje é aquele que você não deu ontem no seu filho, o aperto de mão dito não é o mesmo que você se nega a estender no elevador.

Tudo na vida passa, as crises, dores, amores e raiva. Essa também vai acabar e poderemos entender qual a lição que ficou.

Não adianta ficar em redes sociais dizendo que ama e postando saudades. Vai ter que fazer diferença. Olhar para quem você deixou para trás, enxergar quem você abandonou no coração.

O que estamos sentindo falta não é de poder abraçar ou tocar no outro. O que está fazendo falta é a liberdade.

Nesses dias parados faça um exercício simples dentro de casa. Olhar as pessoas que ali estão. E redescobrir porque elas estão ao seu lado. Porque fazem parte da sua vida.

Se gastar um tempinho com elas além das reclamações que as horas não passa, vai enxergar tanta coisa boa.

Aquele sorriso que há anos vocês não dão mais Juntos. Aquele jantar longo, com horas de sorrisos e conversa fiada. Aproveite para recontar histórias, lembrar amigos, ligar para os que ficaram no caminho.

Leia um livro, escreva contos, poemas e cartas. Digite uma história, rabisque o caderno, corte suas flores, enfeite a sala. Pode pintar o teto, a parede de amarelo e colocar o pé no assoalho.

Pode amar e ser amado como a tempos não o fazes. Pode assistir tv junto a sua família, tomar um refrigerante e dividir uma massa.

Não esqueça que a vida vai voltar ao normal só não pode voltar a ser a mesma. Vamos investir em nós mesmos.

Até a próxima...

Leticia Carrijo
Enviado por Leticia Carrijo em 23/03/2020
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