Em tempo de quarentena, comprar arroz e feijão

A telefonista do Supermercado Compre Bem e Pague Também atendeu ao telefone:

- Posso ajudar?

- Sim. Meu nome é Fábio. Estou de quarentena. Não posso sair daqui de casa. Vocês entregam arroz e feijão nas residências?

- Sim, entregamos. E por que você não pode sair da sua casa?

- Porque o Coronavírus pode me matar.

- Não podemos entregar arroz e feijão para você, não.

- Não?! Mas você disse...

- Eu sei o que eu disse. Tenho boa memória. O motoboy não vai arriscar a vida dele para entregar arroz e feijão, para você, na sua cada. Entenda: A sua vida não vale mais do que a do motoboy. Quem você pensa que você é? O vírus pode matar você, e pode matar o motoboy também.

- Olha, eu...

- Não olho nada, não. Você tem alguma doença grave?

- Não.

- É idoso?

- Não.

- Então, venha buscar o arroz e o feijão.

- Mas...

- Nem mas, nem meio mas. Basta lavar bem as mãos com água e sabão...

- Água e sabão?!

- Se quiser, use soda cáustica.

- Você está sendo grosseira.

- Sempre fui. A grosseria é uma das minhas virtudes. De nascença. Eu a herdei de meu pai, que a herdou do pai dele, que a herdou... Você entendeu: a grosseria é uma virtude da minha família.

- Você está sendo desrespeitosa. Quero falar com o gerente. Chame-o.

- E o que você...

- Quero lhe fazer uma reclamação.

- Tudo bem. Vou chamá-lo. Pai, tem um homem aqui ao telefone querendo falar com o senhor.

E o Fábio desligou o telefone.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 27/03/2020
Reeditado em 01/04/2020
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