MEU DILEMA E O DILEMA DA HUMANIDADE!!

Quinta feira, 12 de março de 2020, cumprindo as nossas obrigações rotineiras normais eu e a minha esposa fomos a lotérica pagamos as contas e ajustamos outros compromissos, passamos pelo centro comercial fizemos algumas compras como de costume e retornamos para casa tranquilos sem sequer imaginarmos que ali se encerrava a nossa liberdade de ir e vir por tempo indeterminado, ao chegarmos liguei a televisão e a partir daí começaram as notícias assustadoras e horripilantes sobre essa pandemia provocada pelo “Covid 19”, e o apelo veemente da mídia televisiva para que houvesse total confinamento principalmente dos idosos pois o perigo além de iminente a preocupação torna-se indispensável impreterivelmente em pessoas como eu que estou incluído no pico do grupo de risco portando um histórico que inspira cuidados redobrados por ser idoso (68 anos) diabético, hipertenso, “safenado”, e com um prontuário médico pulmonar nada favorável, pois além de várias pneumonias já passei por duas tuberculoses e duas hemorragias pulmonares que quase me levaram a óbito, portanto o recolhimento pra pessoas portadoras de um quadro de saúde desses passa e ser um caso de vida ou morte já que estou literalmente entre a espada e a parede, como diz o velho ditado popular, “se correr o bicho pega se ficar o bicho come” então se a saída aparente para tentar preservar a vida é essa estou me agarrando com “unhas e dentes” nessa taboa de salvação na esperança de mais uma vez sair vitorioso ao final dessa batalha já que passei por tantas outras e ainda estou contando a história, a minha família, os dois filhos e a filha, corretamente aconselham e insistem para que não seja descumprido esse recolhimento e nos dão todo apoio diariamente por telefone ou por via internet e raras vezes presencial quando se faz extremamente indispensável essa presença, uma situação bastante adversa a vida que tínhamos antes gozando da liberdade de sair e voltar quando bem quisesse para cumprir algum compromisso, visitar amigos, ou simplesmente respirar o ar livre trazido pela brisa suave que nos refrescava e arejava nas tardes quentes quando costumávamos ficarmos sentados no terraço escutando uma musiquinha e olhando o movimento das pessoas que iam e vinham a todo momento.

Essa boa vida me faz falta, porém sinto muita falta dos meus netos e minha neta que por uma questão de segurança por aqui não mais vieram e sem previsão de quando virão, os meus filhos que todos os dias obrigatoriamente nos visitavam sentavam e conversavam, agora sequer podem adentrar só quando se faz extremamente necessário a minha querida esposa companheira de todas as horas divide comigo esse tempo de solidão e retiro profundo em que estamos vivendo no momento, bastante preocupada com a minha vulnerabilidade de saúde, mas cuidando de mim e dos seus labores nos afazeres domésticos.

Eu, infelizmente sequer tenho o direito de assistir televisão, pois tenho sérios problemas auditivos nada consigo ouvir mesmo em volume total de som.

Sem alternativa, passo longas horas a frente do computador mesmo com a visão bastante precária por conta da catarata que estava prestes a operar e agora só Deus sabe quando irá acontecer essa cirurgia tão esperada.

Quando paro, fico a meditar sobre a terrível situação universal que estamos passando numa época em que a tecnologia tem um avanço espetacular que parecia que nada nos amedrontaria, pois as ciências tecnológicas e cibernéticas encontrariam a imediata solução pra todo e qualquer tipo de problema estranho que viesse a ocorrer, já que são capazes de fabricarem armas de toda natureza incluindo as tenebrosas armas químicas, além dos misseis superpotentes capazes de cruzarem oceanos e levando em suas ogivas bombas destruidoras e altamente precisas capazes de jogarem por terra prédios enormes e ceifarem milhares de vidas humanas além de animais em questão de segundos, no entanto de repente aparece um inimigo invisível que aterroriza o mundo e ameaça exterminar uma grande parte da humanidade e a ciência de mãos atadas sem nada poder fazer para conter o avanço da macabra pandemia que a cada dia só se alastra sobre todos os continentes do planeta terra sem distinção de raça, cor credo religioso sem escolher condição social ou financeira igualando a plebe com a elite que passam a navegar no mesmo barco a deriva sem perspectiva de onde e nem quando encontrão um porto seguro ou se irão encontrar.

Enquanto isso políticos inescrupulosos se aproveitam da situação para fazerem politicagem e tirarem proveito em benefício próprio armando estratégias indecorosas para surrupiarem dinheiro destinado para fins do combate a pandemia e desviarem para engordar as suas pomposas contas bancárias.

Por outro lado, pastores “caras de pau” ficam ocupando as redes sociais conclamando seus alienados fiéis para que depositem dinheiro nas suas contas bancárias já que os templos estão fechados ao invés de abrirem os bolsos e as igrejas para dar apoio e abrigo a os povos carentes que porventura necessitem de superlotarem os hospitais públicos e morrerem a míngua sem um remédio que lhe promova um breve alívio e sem um respirador que no mínimo lhe garanta uma morte digna sem tanto sofrimento.

Os políticos e os pastores milionários além de qualquer orientador de qualquer crença não estão livres de contraírem a doença, porém se acaso contraem tem um tratamento diferenciado em hospitais de luxo com um acompanhamento médico de primeira linha em poucos dias se recuperam e voltam ao convívio normal sem problemas e achando que a doença não é tão grave assim, e em favor da economia nacional apela para que o povão volte às ruas para garantir o emprego e manter os cofres da nação abastecidos com os múltiplos impostos para que não venha a faltar recursos que garantam a manutenção das contas públicas e o equilíbrio do erário nacional.

Realmente, a situação é caótica quando vista por esse ponto de vista, o desabastecimento é quase inevitável já que sem haver produção e o povo sem receber salário em breve começarão os saques a feiras livres e supermercados em busca de alimentos, pois a vida depende disso para continuar, por outro lado se o povo seguir em massa para as ruas corre o risco de acontecer o que houve em Milão quando a população foi incentivada a ir a luta e o resultado não poderia ser pior são milhares de mortos sendo chorados pelos seus familiares sem sequer terem direito a um velório digno, pois os riscos de contaminação só aumentará com a aglomeração de pessoas.

Aqui no Brasil o nosso presidente não exige a obrigatoriedade do povo sair para trabalhar, mas insinua para que deveriam voltar porque com a nação parada a economia vai a falência e a população sem renda não sobrevive, realmente é difícil a situação, porém se essa mesma população sair as ruas e espalhar o maldito vírus contaminando milhares de pessoas ao mesmo tempo o estado terá potencial para bancar a crise? Terão profissionais de saúde suficientes para atender todos os casos dignamente? E esses profissionais de saúde terão equipamentos de segurança para se defenderem do terrível mal já que são os mais vulneráveis por estarem na linha de frente do problema, como os médicos, enfermeiros, pessoal de apoio etc. Todos são seres humanos e precisam descansar para poderem voltar a luta, será que vai ter quem os substitua nos horários da justa folga? Então acho que não está na hora de encher as ruas de pessoas que irão ficar expostas a contraírem e transmitirem o maldito vírus e em massa superlotarem os hospitais totalmente despreparados para suportarem uma sobrecarga de milhares de infectados que ficarão jogados ao relento nos corredores dessas casas de saúde impossibilitados de receberem atendimento médico por falta de profissionais e equipamentos indo a óbito aos montes com nos campos de concentração.

Vi a pouco uma reportagem mostrando toneladas de alimentos frutas e verduras sendo jogadas fora por falta de compradores, achei a cena triste para um momento tão delicado que estamos vivendo e me veio a ideia: porque o governo não compra esses alimentos e distribui com o pessoal carente que está sem trabalhar por conta da virose? Usando os bilhões arrecadados das propinas de empreiteiras que é um dinheiro do nosso erário? Cadê os bilhões desviados da Petrobras onde estão? E aqueles míseros cinquenta e um milhões que aquele “nobre cidadão” da Bahia guardava num apartamento? Ou mesmo aquele meio milhão que aquele mocinho levava na mala para um amigo? Fora aqueles que já em tempos mais remotos enchiam mochilas, cuecas, meias, bolsos e contas bancárias com o dinheiro público. Esses e muitos outros bilhões que andam a deriva por aí deveriam está disponíveis nesse momento para acudir a população carente, ajudar o homem do campo que produz alimento, o caminhoneiro que transporta todo tipo de mercadoria para abastecer comércio, supermercados, farmácias e hospitais com medicamentos, postos de combustíveis etc. Adquirir respiradores para pacientes graves, luvas e mascaras e outro aviamentos para trabalhadores da saúde trabalhar com mais segurança, agindo assim seria bem mais fácil enfrentar esse problema universal e esse dinheiro que nos foi roubado de forma inescrupulosa iria ser utilizado de forma justa por uma justa causa.

Senhores governantes essa não é a hora de estarmos preocupados com a situação econômica e sim de buscar as mais remotas soluções para conter essa catástrofe e salvar vidas a ciência mundial precisa de recursos para encontrar um antidoto que atalhe esse terrível mal, abram mão dos interesses econômicos, porém abram os olhos os bolsos e os cofres para que os cientistas do universo encontrem o ponto “X” desse problema e assim haja a eliminação desse vírus.

Por enquanto contamos com a benevolência e a complacência de Deus! Esse pode tudo e sei que não irá deixar a humanidade sucumbir por conta de um inimigo invisível e aterrorizador então enquanto os humanos estão demonstrando a sua incapacidade e fragilidade ante tamanho problema resta-nos apegarmos a fé, só Deus na causa.

Carlos Aires 29/03/2020