Quando há duas semanas me comunicaram que eu teria que cumprir o distanciamento social, não nego, fiquei animada. A ideia não me desagradou nenhum pouco. E confesso, o motivo maior nem foi a satisfação de estar fazendo a minha parte limitando o convívio social de modo a parar ou controlar a propagação desse vírus que infecta o Brasil e o mundo.
 
A ideia e sensação que me veio a mente foi de paz. De sossego. Da felicidade que é nao ver gente por um tempo. Estar só comigo mesma. Liberdade.

Se nao fosse o medo da bandidagem que invade sítios, chácaras e fazendas para roubar e maltratar seus proprietários - juro - moraria sozinha no meio do mato. Longe de tudo. De tudo não. Longe de gente. Longe de multidão. Lock iria comigo. Se Ted, meu cabeçao, fosse ainda vivo, iria também. Amigos de verdade esses dois. Companheiros. Parceiros. Só nao falam, mas nem precisa. Com eles aprendi a linguagem dos latidos, dos olhares, do levantar de orelhas e do abanar da cauda.
 
O distanciamento social, a mim imposto, se deu juntamente com a entrada do outono. A estação habitualmente associada à perda das folhas das árvores. Estação de transição, de mudanças, de renovo.

Será um longo outono. Outono de reflexões, introspecções e de mudanças. Outono de leituras, de escrita, de aprendizagem, de ensinamentos e de renascimento.
 
Outono de distanciamento. Tempo de abandonar velhas folhas e se preparar para o inverno.


Foto: Outono em Poços de Caldas em 2018 - (arquivo pessoal)
 

 
Suzana França
Enviado por Suzana França em 29/03/2020
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