MENINA ANJO

Ela só tinha 10 anos de idade e sua meiguice combinava perfeitamente com seu jeito: magrinha, de cabelos loiros, sorriso contagiante. Daqueles sorrisos que abrem o dia mais nublado que existe. Sem contar a vitalidade que ela tinha, daquelas crianças que nunca desligam. Era assim Maria Eduarda no alto dos seus 10 anos, mas que já demonstrava amadurecimento e carinho sem medidas. As brincadeiras de criança faziam parte da sua vida claro, e era uma menina como todas as outras. Gostava de maquiagem, amava chocolates e sua gata de estimação, era peralta as vezes, traquinas um tanto quanto, exatamente o que se espera de toda criança. Mas algo nela era diferente. A forma de abraçar, de sorrir. Foi numa sexta feira, o tempo estava meio que nublado, que recebi o recado para me dirigir em uma das salas do serviço. Sem saber o que se tratava para lá me dirigi e qual minha surpresa, quando encontro a pequena Eduarda com meu livro na mão: Achei na biblioteca da escola e vi que você tinha escrito por isso peguei pra ler. Era uma sensação diferente. Tenho mais de 12 mil leituras no recanto, outras tantas dos meus livros, mas aquela leitora para mim era diferente. Além de fazer parte do meu círculo muito próximo de pessoas, Eduarda representava naquele momento a continuidade da poesia. Seus olhos fazendo unicidade com seu sorriso traziam para mim a certeza de que a poesia continuará viva por muito tempo porque não importa a idade, mas a sensibilidade com que cada um se identifica com a poesia. A pequena Eduarda era uma poesia, lendo os meus poemas. Num mundo que oferece tantas oportunidades ela estava ali, lendo meu livro e sorrindo de contentamento. Essa talvez seja uma das melhores lembranças da minha vida de "poeta": a pequena Eduarda, o pequeno anjo loiro de sorriso angelical, segurando nas mãos meu livro que iria levar para casa para ler. E assim voltei para meu local de trabalho, alegre, feliz, realizado, porque sabia que existem no mundo muitas crianças especiais como minha pequena Eduarda, e que seriam as "Eduardas" espalhadas por todo o mundo que fariam a poesia continuar viva e pulsante por muitos anos ainda.

Em especial para MARIA EDUARDA PAGUNG DA MOTTA