Eu sou brasileira..

Eu sou Brasileira!

Sou Sim Brasileira!!

Pois sim, sou brasileira, por vezes sem eira muitas vezes sem beira,

Mas aqui nesta terra minha, no meu chão onde as vezes nem vejo as estrelas. Neste meu chão inocente, pungente e viciado de gente matreira, eu ergo a bandeira.

Carrego-a com fé, com o amor que pisa forte e vai em frente. Sou sim brasileira, meu Brasil, terra minha, terra amada. Eu sou, das matas profundas, dos banhos noturnos em meu rio novo. Sou sim a mulher inteira, pois por amante ao teu, ao nosso homem, dei-te meus filhos como boa parideira...

Sou brasileira terra minha, a suportar a dor de vê-la corrompida, minguada, roubada, pela turba trambiqueira, useira, que colhe em seus palacetes o sangue, o suor, a dor de tua gente altaneira...

Minha gente, destemida, sofrida, carente, minha gente sem dentes, mas brasileira..

Minha gente sim, das secas, das inundações, das entranhas de teus grotões, impregnadas de tuas águas devastadoras, assustadoras, impregnadas do pó da comida chamada poeira.

Sou Carvalho, como o são todos os irmãos que estendem suas estacas, suas esteiras, e ainda vêem flores e fazem amores de anil e filhos naturais da incerteza..

Que de esperanças abortadas em esperanças abortadas mais nutrizes, darão à pobreza..

E neste paradoxo, neste nada ter, neste nada ser, está tua natural riqueza, tua real grandeza..

Pois és assim, mola propulsora, a impulsionar tu meu gigante, através dos miseráveis, a vilania, a insana desigualdade, a avareza. Porém, não há que te condenar, és inocente, pois também és o instrumento de uma minoria que estropia, extorque e vive da eterna sangria da seiva de tua jugular..

Pois sim sou brasileira, apesar da dureza, deste pão, desta rala ração. E só vou morrer, neste chão, no teu solo desçam meu caixão, nas sagradas e benditas chuvas florir-me-ei, em boa putrefação, onde nasci, junto aos meus, bem junto aos que como eu nasceram e morreram, brasileiros, sem eira nem beira. Assim meu Brasil, naquele pequeno cemitério poderá em paz minha alma ver as estrelas, as matas, os rios, os pássaros e teu sol, teu sol e a imensidão do teu azul, pois eu sou Brasileira, por vezes, sem eira nem beira.

Dorothy Carvalho

Goiânia, Goiás

Dorothy Carvalho
Enviado por Dorothy Carvalho em 11/10/2007
Reeditado em 14/05/2022
Código do texto: T690267
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