Corona e as piores férias de todo mundo

Quando iniciou-se as notícias de um vírus, com contaminação rápida, de provável origem na china, a reação de todos foi de incredulidade e despreocupação. Mas a rapidez dos contágios com o coronavírus andou em paralelo comas nossas mudanças de olhar sobre este problema. Até que se viu a chegada, em nossa realidade, da necessidade de termos de fazer a “tal” da quarentena. Esta palavra que só conhecíamos em filmes, por sinal, películas com roteiros não lá muito otimistas.

Não teve jeito, era hora de “quarentenar”. Inicialmente pensamos que quarentena era uma espécie de declaração mundial de férias. Então teve de tudo, passamos as mais variadas atividades de lazer, teve piquenique, praia com direito a futevôlei e muitos churrascos. Talvez ainda munido com aquela despreocupação presente nos primeiros dias em que o coronavírus foi noticiado.

E as notícias foram se avolumando, a ponto de se tornar único assunto em todos os portais de notícias, conseguindo a façanha de tirar espaço de informações muito importantes como aquelas matérias com a manchete estilo: famoso flagrado saindo de casa para comprar uma roupa super estilosa. Aliás, uma matéria como essa, nos dias atuais, é um atentado a saúde pública. Assim um paparazzo poderá vir a ganhar status de sério repórter investigativo, no futuro.

Assim, nossa vida passou a girar em torno da pandemia (ou seria o contrário?). Tivemos de aceitar que tínhamos de ficar em casa durante a quarentena. Diante deste quadro começamos a planejar coisas para fazermos em nossa licença domiciliar. Era hora de realizar uma lista de tarefas e arrumar aquela porta que teima em ranger (já fazem alguns anos), organizar aquela quantidade de coisas que guardamos para um dia usar, com aquela ideia em mente “um dia eu posso precisar” mas que na verdade nem lembramos mais de onde saiu ou mesmo para que serve. Foi hora de recorrermos às listas mentais, escritas a mão ou as digitais. Fizemos um planejamento elaborado de atividades de dar inveja aos criadores do projeto arquitetônico das pirâmides do Egito. No entanto, não realizamos nem um por cento da nossa elaborada programação.

O tempo vai passando e esse recesso em casa se torna cada vez mais indigesto, começa a bater saudade de coisas que nós nunca gostamos, do ônibus lotado ou daquele esporte praticado de forma aleatória chamado “Correr para conseguir pegar o ônibus”, dá até para sentirmos falta daquela sensação de frustração quando corremos em direção ao ônibus, mas ele parte sem nos querer como passageiro.

Saudade! Essa é a palavra do momento. Que falta faz aquela tranquilidade que tínhamos em meio a uma imensa fila de supermercado. Que saudade de ir ao banco lotado, receber a senha 237 e ver no painel que o próximo a ser atendido é o portador da senha número 3, sentimos falta deste momento em que olhamos incansáveis o painel eletrônico do banco, esperando a sua senha aparecer. E aquela vontade daquele encontro entre amigos, que a gente nunca combinava, nos acostumamos encontrar amigos ao acaso e ao fim dizer “um dia a gente marca”, agora vai virar lei: Quando tudo isso passar, nós vamos marcar sim aquele café, chá, cerveja, churrasco, qualquer evento serve, nem precisamos ser tão amigos assim. É incrível este período que estamos vivendo, está nos batendo agora, em meio as nossas férias forçadas, uma vontade de visitar aquele parente que já nem sei lembramos mais qual o trajeto para chegar em sua casa e que fazem alguns anos prometemos realizar uma visitinha. Essas são as nossas piores férias, aquelas que o mundo quer que acabe, afinal de contas não é por um bom motivo.