Do  Drive-Thru  para Drive-in


Êta povo brasileiro que inventa e reinventa com essa peculiaridade toda, até mesmo nos tempos do novo coronavírus.

Vamos à história.
Local: Estados Unidos da América.
Tempo: Início dos anos ´30.


Durante uma reunião, Royce Hailey ouviu seu chefe dizer debochadamente: “Dono de automóvel é tudo igual! Preguiçosa e folgado! Se pudesse, nem sairia do carro  pra comer".
A frase teve tão grande impacto no Royce que ele acabou tendo uma idéia genial. Não seria uma maravilha se seus clientes da lanchonete pudessem fazer seus pedidos, recebê-los e ainda por cima deliciar tudo  sem ter que sair do carro!?  


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Em 1931, Royce Hailey criou o drive-thru que na verdade é  escrito 'drive through' (mesmo com -gh, a pronúncia é igual), mas para a palavra ser atrativa e simples visualmente, resolveram encurtá-la. Em grande maioria dos países  a versão original 'drive-through' poderia complicar para os consumidores que acabariam pronunciando o -gh fazendo com que a palavra soasse grotesca demais.  
 

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A invenção do Hailey fez tanto sucesso que acabou sendo adotada por quase todas as grandes redes de lanchonetes do mundo inteiro. A mais famosa de todas chegou a personalizar o serviço e o drive-thru virou  Mc Drive. O nome não pegou e caiu em esquecimento. 

Drive-thru é um serviço de vendas de produtos, geralmente alimentos fast food (hambúrguer, cachorro quente, esfhia, taco, temaki, pizza, etc) que permite realizar uma compra sem sair do carro. Drive-thru ao pé da letra significa: entrar dirigindo no estabelecimento comericial por uma via exclusiva.  

Obs: Viu só! Uma palavrinha diz tudo aquilo! Mais compacta, impossível. 

O drive-thru virou coqueluche nos EUA e foi sendo adotado por inúmeras empresas com atividades das mais diversificadas, por exemplo, bancos, farmácias, tinturarias/lavendarias, lojas que revelavam filmes, video locadoras, correios e outros.

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A invenção de Royce Hailey se estendeu ao setor do entretenimento e Richard Hollingsheads aproveitou para ousar. Aos trinta e poucos anos, Hollingshead sentiu-se desanimado pela falta de desafios no seu trabalho, resolveu então estudar a cultura norte-americana para ver como poderia aumentar as vendas da empresa do pai, Whiz Auto Products Company, onde tinha o cargo de gerente. Hollingshead descobriu que a coisa que o americano mais gostava de fazer era: IR AO CINEMA. Por nada nesse mundo, deixaria de fazer o seu programa semanal que era assistir a um filme e comer a sua pipoquinha. 
O entretenimento mais popular no fim da década de ´20 e início dos anos ´30 era sem dúvida o cinema. A grande maioria dos casais pegava a sessão noturna no cinema local enquanto as matinés aos sabados eram direcionadas às crianças. Ir ao cinema não era atividade familiar no início dos anos '30. Imagine se o chefe da casa, depois de uma longa e puxada sexta-feira estaria com a corda toda para tomar banho, fazer a barba, vestir sua melhor roupa e ir ao cinema com sua esposa. Sem falar da dono de casa descabelada após fazer suas tarefas domésticas e ainda ter que cuidar dos filhos. As senhoras tinham que ficar bonitas, cheirosas e o mais importante, correr atrás de uma baby-sitter de total confiança para cuidar das crianças, do contrário, ela e o esposo não teriam a noite livre. Não poderia faltar o transtorno de estacionar o carro. Nessa época, o cinema ficava na avenida principal da cidade onde as vagas para estacionar eram limitadas. Não encontrando vaga, era preciso recorrer ao estacionamento particular que quase sempre ficava bem longe do cinema e o preço um pouco salgado.
E assim, Richard Hollingshead criou o drive-in para facilitar a vida dos amantes do cinema que entravam dirigindo no estabelecimento ao céu aberto, estacionavam num box de onde assistiam ao filme em cartaz. Cada box tinha um poste que chegava na altura da porta onde um alto falante era facilmente manejado e adaptado à janela do motorista e o volume regulado conforme o gosto da plateia. As sessões não eram canceladas, mesmo se estivesse chovendo. Todo drive-in tinha uma lanchonete onde hambúrguer, cachorro quente, pizza, frango assado, refrigerantes, sucos, pipoca, balas e tudo mais de delicioso para ser beliscado e/ou devorado eram servidos antes, durante e até mesmo depois do filme. O cinema ao ar livre passou a ser o passatempo predileto dos americanos onde o motorista pagava 25¢ para entrar com seu veículo e mais 25¢ por cada ocupante do carro.  
Em meados de 1945, os drive-ins somavam um total de 1,947  unidades nos EUA. Este entretenimento foi ficando cada vez mais popular fazendo o número de drive-ins pular para 4,151 no início de 1951. 
Com a chegada das novas tecnologias vieram as mudanças no entretenimento e comportamento das famílias no fim dos anos ´60 nos EUA e o drive-in começa a perder a sua popularidade. A crise da energy nos anos ´70 fez com que o Daylight Saving Time (Horário de Verão) atrapalhasse o horário da primeira exibição do filme no drive-in, além dos carros serem menos usados devido ao alto preço da gasolina. Cada vez mais, ficava difícil manter o drive-in  um negócio lucrativo.
Muitos drive-ins deixaram os filmes tradicionalmente familiares de lado para exibir filmes para maiores de 18 anos que eram de puro sexo explícito enquanto outros continuaram com os filmes 'comportados' nas primeiras sessões, mas se entegraram à pornografia nas altas horas para gerar lucro extra.
E assim, com a mudança de comportamento, novas tecnologias para o entretenimento e a perda de princípios , o drive-in foi morrendo.

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                                 Drive-in de Camden, NJ
Na Europa, a expressão “drive-in” é usada com o mesmo objetivo como drive-thru.

Com o novo corona vírus, muitos Sistemas de Saúde pelo Brasil optaram por atender os idosos e o grupo de risco (asmáticos, pessoas com doenças do coração, fumantes e diabéticos) por meio do sistema DRIVE-THRU que  oferece maior praticidade, agilidade e menos exposição dos pacientes na hora da vacinação.  
Portanto, se você é idoso, hipertenso ou diabético, e ainda não teve a experiência de usar um drive-thru da vida qualquer, agora não tem escapatória. 
Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 07/04/2020
Reeditado em 19/06/2020
Código do texto: T6909266
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