AO AMANHECER, VENCEREMOS!

Acabo de escutar “Nessum dorma”, a famosa ária do último ato da ópera de Puccini. A música me invade e me desliga instantaneamente do turbilhão de notícias preocupantes. A voz de Pavarotti me acalanta e me reconecta com o divino. A chuva cai e penso em como Deus tem um propósito para tudo. Tento lembrar do que de bom que vi nesses dias sombrios: a solidariedade de desconhecidos, os aplausos merecidos aos profissionais da saúde, o bilhete no elevador do prédio, enfim, a esperança viva.

Há um “abismo entre homens e homens”, é certo, e momentos como esse nos fazem repensar como somos frágeis, como nossa vida é mesquinha e nossas convicções vazias. O inimigo que nos mata é invisível, mas espalha o medo e nos distancia uns dos outros. Não entendo italiano, mas sei que a música anuncia um novo dia, um novo amanhecer e isso me alimenta, soa ingênuo, mas me alimenta. É preciso que tenhamos esse amanhecer em nossa alma.