35 Anos Do Assassinato Da Irmã Adeláide Molinari Em Eldorado dos Carajás.

Eu estava a 3 dias de completar 12 anos de idade, mas me lembro claramente daquela tarde de domingo...

Minha mãe havia saído com minha irmã mais velha, e me deixou tomando conta dos mais novos.

Fomos brincar com as outras crianças da rua e, pouco tempo depois, as mães começaram a gritar por seus filhos, ordenando que viessem para casa.

Pareciam apavoradas... À medida que meninos e meninas entravam, as portas se fechavam às suas costas.

Senti que algo muito ruim havia acontecido...

Antes de puxar meus irmãos pelos braços, pra sairmos da rua que agora dava calafrios de tão deserta que estava, ouvi alguém dizer:

—Mataram dois na rodoviária agorinha!

Outro disse:

—Mataram seu Arnaldo e outra pessoa!..

Já de dentro de casa, com meus irmãos em segurança, ouvi alguém dizer:

—Seu Arnaldo não morreu, só morreu a irmã Adelaide.

Aquilo me doeu na alma... Não só por saber que não teria as aulas de catequese nos domingos seguintes, mas pela perda em si.

A terceira notícia prevaleceu... Nosso saudoso amigo Arnaldo Delcídio Ferreira, sindicalista na época, escapou do primeiro atentado que sofreu aqui nessa cidade. Infelizmente, os tiros destinados a ele também alvejaram nossa querida Adelaide, vindo a ceifar sua vida.

Até pouco tempo atrás, havia uma cruz pregada em uma das paredes da única rodoviária de Eldorado, local do atentado que culminou na morte da freira Adelaide Molinari, na tarde de 14 de Abril de 1985.

Boa noite a todos...

🙏

Chico Rabelo
Enviado por Chico Rabelo em 15/04/2020
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