NOITES ESCURAS

Ao chegar a noite, na porta de casa o menino da roça olhava admirado o céu estrelado, e surgia na mente diversas curiosidades. O pai sentado em um tamborete, escorado na parede da casa de taipa, fumando seu cigarro de fumo de rolo, desafogando o cansaço pesado do trabalho braçal no roçado, respirando ar puro. Atento a contemplar as belezas do céu.

Tímido, sem querer ser incomodo, mesmo assim o garoto chega pertinho do pai e fala; posso lhe perguntar umas coisas meu pai? Meio surpreso o pai retruca a palavra, o que você deseja saber? E de imediato levantando a cabeça para o alto e apontando o dedo ao céu, começou a perguntar. Como se chama aquela estrela grande e forte? E aquelas outras estrelas que formam uma cruz? E as três estrelas menores e as três maiores que formam duas filas? E por fim, como se chama a estrela vermelha?

O pai admirado com a curiosidade do filho, começou a explica-lhe conforme havia aprendido com os seus antepassados.

-A estrela grande e luminosa, é chamada de estrela Dalva. Essa é a estrela que aparece no quebrar da barra, antes do sol nascer.

-As estrelas que formam a cruz é o Cruzeiro do Sul. É pelo cruzeiro que nos baseamos quando chove na terra nordestina.

-As duas filas de estrelas, cada uma formada por três são conhecidas como: Os três Reis e às três Marias.

-Quanto a estrela vermelha, que tanto admirou; é um planeta chamado de Mercúrio.

E naquela noite escura sob a luz de vaga-lumes, o agricultor apenas alfabetizado, e o menino analfabeto, dividiram saberes naquela primeira aula de geografia. E assim as noites escuras tornaram-se claras no mundo do conhecimento.

Antônio Barbosa

Toinho
Enviado por Toinho em 18/04/2020
Código do texto: T6921199
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