ESTRANGEIRISMO

Fredissimo Gelateria – Il Buono Gelato Artigianale; Famiglia Cavinato; Bom D+ Restaurante e Lanchonete; Potato’s – Batata recheada e pastéis; Jin Jin – Chinese Fast Food; Rockabilly Burger – The Genuine Burger House – Lunch and Diner; Restaurante Imigrantes; Montana Grill Express; Vivenda do Camarão Express; Spoleto – Culinária Italiana; Burger King; Mc Donalds; Fazendinha Mineira; Dopo – Una Pizza; Saluá Esfiha’s; Bom Grillê; Máfia Di Pasta; Vitamix – Sucos e Vitaminas.

Peço desculpas pela introdução estranha e cansativa que encontrei para dar início a este texto. Os nomes citados acima foram coletados na praça de alimentação de um Shopping Center. Comida à parte, são 18 estabelecimentos comerciais prestando serviços diários a uma infinidade de pessoas que, tenho certeza, não se fixam nos nomes que os identificam.
Senão vejamos: do total citado, 14 mostram no nome alguma palavra (quando não totalmente) em outro idioma que não o nosso português. Será que a comida fica mais gostosa com identificação em inglês, italiano e afluentes?

Passeando pelo Shopping anotei o nome de algumas lojas. Aqui estão: Hering Store; Spot; Hot Water (tá certo que Água Quente fica meio estranho, mas em inglês soa imponente); Kipling; Stroke; Imaginarium; Strutura (sem o “e”); Polo Play; Green; Duet; Authentic Feet; World Tennis; Unique; Blue Beach (Praia Azul até que ficaria bonitinho); Ocean Drive Miami; Tennis Station; Fitness Shop – Suplementos Nutricionais; House.... e, chega. Algumas delas ainda estampam nas vitrines os seguintes anúncios: 50% OFF e WINTER COLLECTION (escrevo no inverno).

Passando em frente a um salão de beleza, vi um anúncio que me chamou a atenção. Estava escrito: STRAIGHT HAIR, que significa cabelo liso, e que vem a ser mais um tipo de alisamento capilar que hoje anda tão na moda. Agora, escrever STRAIGHT HAIR é mais sóbrio e os resultados finais, sem dúvida, são melhores.

Estou interessado em um novo lançamento automobilístico de DESIGN mais moderno e a concessionária já me avisou que, em breve, serei chamado para fazer um...... TEST DRIVE. Agradeci emocionado com um SMILE.

Quando viajo, no aeroporto, faço sempre o CHECK-IN e depois o CHECK-OUT. No hotel, um novo CHECK-IN e um novo CHECK-OUT. Pela manhã um delicioso BREAKFEAST. E geralmente os hotéis estão com um SERVICE ROOM muito bom.

Hoje em dia podemos solicitar comidas, remédios e outras necessidades em nossa residência. Para isso existem as empresas que trabalham com sistema de DELIVERY. Mas, se torcer o pé ao ir buscar a comida no restaurante, vá ao DOCTOR FEET que lá eles resolvem tudo.

Para manter-se em forma é só ir à Academia PLATINUM CLUB – BODY SYSTEMS e se você tiver um problema com sua impressora ou aparelho de fax leve-o na WORLD PRINT. E cuide bem do MOUSE e do HARD DISK (ou WINCHESTER – cuidado com o tiro do bandido).

Até nas bancas de jornal e revistas vemos publicações brasileiras com nomes em inglês. Felizmente neste momento não me lembro de nenhuma, mas mesmo que lembrasse não diria para não fazer propaganda de algo que não merece.

Quer mais? O BIG BROTHER que, além do título em inglês, é a maior ofensa aos cidadãos deste país varonil (nem todos, evidentemente, pois alguns adoram). E quando entrar o intervalo do BIG BROTHER vá até a cozinha e prepare uma vitamina usando o MIXER.

Uma das coisas de que mais gosto em convenções é quando chega o momento do COFFE-BREAK. É quando podemos trocar as mais diversas opiniões sobre os assuntos ali tratados ou simplesmente plantar abobrinhas. Isso vai depender muito do seu FEELING.

Final de semana é sinônimo de esporte, quando ocorre o OPEN de BIATHLO ou OPEN de TRIATHLO, e todos os atletas são obrigados a competir em inglês...sic (por que não OPEN “OF” BIATHLO, por exemplo?... ficaria mais bonito...).

A invasão de palavras estrangeiras em nosso dia-a-dia está ficando irritante e sem sentido. Um país que já não preserva como deveria o seu patrimônio, a sua história e a sua cultura, também não está mais se preocupando nem um pouco em preservar seu idioma.

Enquanto nossas autoridades, principalmente aquelas da área da Educação, não começarem a se preocupar seriamente com esse estado de coisas, a situação só tende a piorar com a descaracterização completa de nossas letras. E pensar que possuímos um idioma tão rico, tão bonito e que vem a ser o único que possui a palavra SAUDADE.

E, aliado a isso tudo, ainda temos a “nova” linguagem de nossos jovens que parecem possuir um vocabulário próprio, certo “MANO”? Tente entendê-los.

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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 13/10/2007
Reeditado em 23/11/2009
Código do texto: T692148
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