NO MEU TEMPO ERA ASSIM
Nascia na casinha de taipa, lá na zona rural, o menino raquítico sonhador. No amanhecer do décimo quinto dia de sofrimento, a mulher da roça, já sem forças, deitada em uma cama, com um colchão de capim, dava a luz ao seu décimo primeiro filho, o qual seria o último. O caçula da família. A parteira sob a luz do candeeiro, pegou a criança nas mãos e exclamou. É um menino macho, meu compadre! Naquele momento com o choro do recém-chegado, a mãe buscava forças para superar o sofrimento, e transformá-lo em alegria. O pai sentado na sala em um banco de madeira, chorava e agradecia a Deus, pela chegada do filho e pela vida da esposa. Os irmãos, estavam todos radiantes de alegria, e ansiosos para conhecerem o irmão, o que não se deu rápido, pois as regras eram rígidas, nem ver a mãe amamentar era permitido.
A irmã mais velha correu as pressas para o quintal, abriu a porta do galinheiro, e pegou um frango capado, tradicional "capão," gordo e cevado, para guisar, e fazer o prato especial da mulher de resguardo. O pirão batido. Um prato tradicional da época, do qual a mulher se alimentava durante oito dias.
As irmãs mais novas, foram agraciadas com os miúdos do capão, para fazerem o guizado em suas panelinhas de barro, e comemorar junto com as suas bonecas de pano, o nascimento do filho boneco, que simbolizava o nascimento do irmão recém-nascido.