A CARTILHA

O Doutor das letras presidente de uma fundação, certo dia em sua residência, parou para conversar com a sua secretária do lar, uma conversa curiosa, tocante ao irmão pequeno daquela jovem simples e analfabeta, vinda lá da roça que estava ali a trabalhar. O Doutor falou: Iremos ao interior do estado nesse final de semana, e desejo dar um presente para o seu pequeno irmão, é uma cartilha para que ele desperte o amor pela leitura. Não sabia o doutor, que esse era o grande sonho do garoto.

No dia seguinte partiram da capital, rumo a terra da anta. À tardinha chegaram na casa dos pais da jovem, que ficava na zona rural, tendo saudado aos que ali estavam, seguiu para a cidade com a família. Costumeiramente, quando a irmã chegava o pequeno ficava curioso, pois sempre lhe era trazido algum presente, e não seria diferente. O menino foi presenteado com um outro tipo de presente; a irmã lhe explicou: Dessa vez o seu presente quem deu foi o doutor. É uma cartilha. O menino feliz, recebeu o presente e abriu um sorriso de canto a canto. Era o seu sonho sendo realizado, e saiu às pressas para mostrar ao pai.

No dia seguinte, o menino acordou cedo, pegou a sua cartilha e começou a fazer a leitura dos desenhos, mas o seu desejo era conhecer o nome das letras. Naquele momento, não tinha ninguém em casa que pudesse lhe ajudar. Pois todos eram analfabetos.

Chega o meio dia, horário tão esperado; o pai chegou do roçado, almoçou e como de costume do homem do campo, sentou no chão para descansar. O menino meio que receoso, sem querer perturbar o cochilo do pai, sentou-se ao seu lado. Vendo o pai a ansiedade do filho, perguntou se queria aprender a ler. Era tudo que o garoto queria ouvir. De imediato respondeu que sim.

Era o seu primeiro livro de leitura, a Cartilha do povo. E o pai, o seu primeiro professor.

Toinho
Enviado por Toinho em 26/04/2020
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