HISTÓRIA DE UM AMOR PLATÔNICO

UM AMOR PLATÔNICO

Ela tinha apenas 13 anos, uma linda menina moça! Ele estudava no mesmo Colégio dela, no mesmo ano, só que em turnos diferentes. Moravam no mesmo bairro, mas não eram amigos. E ele foi o seu primeiro amor, um amor platônico que durou alguns anos de sua adolescência.

Sabe, aquele amor de escrever no espelho do banheiro, corações entrelaçados? Pois é, e ela era bem discreta, até tímida. Talvez para extravasar aquilo que sentia tão forte em seu peito. Seu pai percebia e respeitava o seu espaço de crescimento nas coisas do afeto que começava a desabrochar na vida de sua filha querida.

Um dia ela escreveu uma poesia, a primeira de muitas de sua vida e que se chamava: ”Estrelinha”. Bem simples, com quatro quadras de versos, mas naquelas linhas ela revelava mais alguma coisa do seu amor não correspondido, não conhecido.

Algumas amigas, também, sabiam daquele sentimento. Será que ele sabia?

Ele era Congregado Mariano e ia aos domingos à missa das 7h da manhã. Estava sempre com seu casaco de veludo cotelê, na cor marron, que lhe ficava muito bem, pois tinha os cabelos claros e ondulados. Meu coração batia depressa quando o via descer do Coro do Canto, junto com seus amigos para comungar. Era o momento que o via, sempre, de longe, quando podia ir neste horário de missa.

Houve, um outro momento importante, na vida desta adolescente. Era o aniversário de 14 anos de uma amiga, cuja família era muito festeira. E ela a convidou e a ele também. Naquela época os bailes eram dançados a dois. E ela gostava muito de dançar. Não se lembrava bem como aconteceu. De repente ele a chamou para dançar. E a música era “Apologise”, um sucesso na belíssima voz de Billy Ekstine. Nada foi dito. Apenas dançaram. Mas ela nunca esqueceu aquele momento.

Em 1955, terminaram o 1º grau, o ginásio. E começaram o 2º grau. Ela de manhã, ele à tarde. Nenhuma lembrança nestes três anos. Sinal de que aquela experiência estava terminando. No final do último ano, as turmas se encontraram para fotos, preparação da formatura. Era comum entre as meninas, circular um caderno onde todos escreviam mensagens que seriam guardadas como recordações deste tempo mágico. Todos escreveram, desde os professores, pessoal da administração e colegas. E ele, também, uma pequena frase, desejando felicidades. E sua letra era firme e bonita. Na formatura, na missa e no baile, ela não o viu. Possivelmente não participou.

O tempo passou e o coração da moça já estava completamente calmo. A vida se descortinava cheia de novos sonhos, trabalho, faculdade e ela logo depois, encontrou um amor verdadeiro, real, o primeiro namorado a dois, e construíram uma linda família. E foram muito felizes.

Um pouco mais de vinte anos depois da formatura, ela o viu em seu trabalho, de longe, e o seu coração bateu forte novamente. Como explicar esta reação, esta emoção?

Mais alguns anos, e ela o viu, novamente, em seu trabalho. Ele estava perto, pedindo informação à sua funcionária. Ela mais madura, se aproximou e se identificou. Ele não se lembrava dela, e nem podia... Ela, tranquila, o ajudou. Ele depois de ter resolvido seu problema, voltou para se despedir. E a abraçou e a beijou no rosto. Foi um final feliz, nunca imaginado por ela. Um cumprimento respeitoso, mas que partiu dele e que fechou com chave de ouro, este encontro de eterno.

Ela soubera pela internet, que ele se formara em Direito e que exercia a profissão.

Hoje, 30 de abril, é o aniversário dele. Como soubera desta data, não se lembrava mais. Talvez por isso, as lembranças emergiram do fundo do seu coração e ela resolveu escrever antes que a idade as apague. 30/04/2020

Terezinha Domingues
Enviado por Terezinha Domingues em 30/04/2020
Reeditado em 16/01/2022
Código do texto: T6933118
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