14 Horas

As paredes estão bem mais próximas de mim do que de que costume, são 14 horas e eu só consegui sentir meu pulso num ritmo frenético. O sol está lá fora, mas aqui dentro ta escuro...abafado. O que era busca por minutos de paz, se tornou, mais uma vez, um pesadelo. O odor está insuportável, as roupas pesam, meus olhos estão pesados. Mais uma vez o anseio por aqueles minutos, se transformam em horas de um farrapo de gente. Novamente, sinto que não compensa, mas porque eu vivo fazendo isso?

A manhã passou despercebida. O enjoo vespertino, se estenderá até a noite. Onde dessa cama eu jamais sairei. Em minha garganta se segura mais uma vez a vontade de chorar, porque eu caí nessa pela centésima vez. Como de costume, tudo começou na primeira dose, o início que se pensa que só uma segunda não fará mal, é só mais um copo! Quando eu percebo já está impregnado em meu pensamento; que mais uma e mais uma não fará mal. Quando noto, já são 14 horas, o que começou as 22h da noite passada. Há vômito no tapete, garrafas espalhadas pelo quarto e olheiras do tamanho de minhas bochechas junto a uma fisionomia lamentável.

Acordar e ter que pedir desculpas mais uma vez, pelo mesmo erro, já não funciona. Pois todo mundo já sabe a mesma história daqui uns dias. Ninguém mais confia em você, nem você mesmo. Aquele dia que só começa as 14 horas são sempre os piores dias, porquê você vira um espantalho de gente até passar a dor de cabeça. O arrependimento e a tristeza.

Encarar a realidade é cruel, tudo começa numa busca de fuga, em algumas horas de paz no qual ela fornece. E toda essa paz, consegue virar uma guerra maior depois de algum tempo. Compensa ? Não sei, se eu obtivesse respostas eu não estarei escrevendo esse texto...