DANE SE. NADA MUDARÁ

A verdade é que, nós, seres humanos, temos muito traços que nos distinguem. Em nosso tempo, chamam atenção a nacionalidade, a língua, a cultura, a religião, a cor da pela , os cabelos, a altura, por que não dizer, a beleza e a opção política. Se tivermos uma escassez pronunciada de bens ou, pior, uma escassez de futuro, criaremos critérios de acesso privilegiado ou até VIP ao pouco que existe. No Brasil, um critério relevante de acesso foi e ainda é ser branco. Em boates, ser bonito ajuda e muito na entrada e nas cortesias. E todos nós sabemos que critérios de acesso sempre significará na outra ponta, critérios de exclusão.

Bem. Alemães e franceses conviviam razoavelmente bem dez anos depois de terminada a guerra. Por isto não devemos dar crédito a quem fala em conflitos milenares. Um dos conflitos mais perigosos de nosso tempo é o que opõe Israel e os árabes, mas um século atrás, conviviam 'bem". Os muçulmanos, pasmem, foram melhores do que os cristãos no tratamento aos judeus.

Enfim. Nas horas terríveis, as pessoas vestem uniformes ridículos, cometem ações criminosas e depois conseguem se livrar disto. O problema, porém, é que as vidas roubadas não ressuscitam , o ódio criado demora a recuar; em suma, perde se a harmonia. Sou ciente que não existe humanidade, existem seres humanos, algo bem diferente. E cada um buscando aquilo que é melhor para si e para os seus. Aquela ideia de uma humanidade unida por laços de irmandade, seja este laço qual for, é descabida e inadequada dentro de uma sociedade que a todo instante luta pelo ter.Veja. Durante uns duzentos anos, do século XVIII ao XX, pensou se que o elo mais forte entre os cidadãos de uma sociedade seria o de uma cultura compartilhada. Ledo engano. Veio a Globalização trazendo consigo aspectos de uma cultura global, onde o local-regional não terá chance alguma diante do apelo padronizador - via americanismo. E aí, na tentativa de sobrevivência, o local só terá uma chance: a luta e a morte.

De tal maneira que ninguém mudará ninguém. Deixaremos o mundo tal como o encontramos. O louco com as suas loucuras. Os tolos com as suas tolices. Os sábios com a sua sabedoria. Querer mudar isto, seria mera presunção e vaidade. O sonho de um mundo igualitário e liberto das barreiras construída pela ignorância e pelo obscurantismo no futuro, é apenas um sonho, nada mais. O Renascimento tentou e falhou mesmo bebendo da fonte das mentes mais brilhantes da filosofia até então conhecida. O Iluminismo com todos os seus referenciais de racionalidade, também falhou em sua pretensão de trazer a luz ao mundo. Falhou por excessivas ideias de uma elite que visava socializar entre as camadas populares a democracia concreta e laica com bases na Filosofia Prática do esclarecimento humano. Ora. Esqueceram que o esclarecimento dentro da própria democracia, é uma alternativa e nunca uma obrigatoriedade. E mais, é uma alternativa de constituição subjetiva do individuo empoderado que Kant - iluminista, vai chamar de ousar saber. Portanto, haverá a necessidade e a coragem de querer saber. ESTE é o indivíduo pleno de coragem e decidido em servir se de SI MESMO e de seu entendimento, e não de outros.

Mas o que temos visto é a servidão voluntária de homens as ideias mais absurdas e mais alienantes possíveis. Uma servidão a ignorância, uma louvação ao delírio e a alucinação do viver. As ideias mais perniciosas da religiosidade retornaram da Idade das Trevas, destruindo tudo aquilo que venha lembrar avanço, ciência, progresso, razão, escola... Tudo de irracional, de absurdo e incoerente, é, em nome da fé aprovado e autenticado como verdadeiro (...)

Digo. O medo nietzschiano encarnou em mim. Ao lutar com monstros me tornei um, pois a medida que olho o abismo, ele também olhava para mim. Ao combater a irracionalidade do momento, pratiquei, escrevi e pensei coisas irracionais com assinatura de racionalidade. Que tolo!

Termino reafirmando as palavras crísticas "Deixem os mortos enterrarem os mortos". Foda se. E que os porcos venham comer as pérolas de outro.

Professor Moises

filoliveira
Enviado por filoliveira em 01/05/2020
Reeditado em 26/04/2021
Código do texto: T6933954
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