O HOMEM E SUAS RAZÕES DE SER

Sabem aquele dia em que a gente senta-se em um canto qualquer e começa a pensar? Pois é, hoje foi meu dia. Sentado à cadeira de madeira, em um recanto da varanda, como se buscasse uma resposta, olhava longe, além do horizonte, sem a percepção de qualquer imagem que por ventura se apresentasse à frente do raio visualizado. É que apesar da direção em que eu mirava, vislumbrava apenas em meus pensamentos idéias interrogativas sobre certos conceitos que popularmente foram concebidos e são aplicadas as margens da ciência, sem qualquer constrangimento.

Tenho procurado sempre escrever sobre a mulher, o amor, à vida e sobre alguns temas regionais, porem nunca sobre o homem. Acho uma injustiça, não ter eu ainda escrito nada sobre este ser, homem, da minha espécie.

Neste meu dia do pensar, veio a mim, a frase dita por mulheres e da qual lembro-me, era ainda criança e a ouvia das moças da época em coro, “oh! Se os homens entendessem as mulheres”.

Guardei-a como uma verdade eterna. Hoje, pois, eu tomo a liberdade, tendo a ousadia de colocar em lados opostos estes dois substantivos “os homens” e “as mulheres” na inversão desta frase. Então vejamos: oh! Se as mulheres entendessem os homens. Não é uma proposição diferenciada?

O homem sempre foi criado e continua sendo caracterizado por toda família, como o macho, o dominador, aquele que não deve chorar e não pode ser sensível aos fatos que requeiram a sensibilidade humana, a razão da vida concedida a cada homem e as diferenças sensitivas que estes podem e devem sentir. Esqueceram, porém, de avisar-nos que somos feitos da mesma matéria que encobre a estrutura óssea da mulher e que temos o mesmo formato embora menos sinuosos e sexos diferenciados do ponto de vista estético e orgânico.

Às vezes sinto o espanto no rosto de algumas mulheres ao se depararem com um homem cavalheiro, educado e sensato, sendo visto como se fosse um ser de outro planeta, tão arraigada é a cultura do machismo produzida pelas famílias em relação aos homens.

Assim sendo, me apraz ao escrever a todos, que o homem no sentido maior desta palavra, chora sim, é sensível, tem seus recatos, é dócil e assim como a mulher tem um coração que dispara no encontro com o amor, gosta de carinho e é carinhoso e acima de tudo isto, foi, é e será o genitor dos filhos de uma mulher. Logo poderá compartilhar a liderança de um lar com sua parceira e não mais como sempre se protagonizou chamá-lo “cabeça da família”.

Marcante será o dia em que o homem não necessitará coçar-se para ser denotado como o macho. Faz-se necessário dar-se maior atenção a este ser de matéria e espírito e não apenas, a imagem distorcida que nos fora legada a centenas de milhares de anos, através dos escritos que o próprio homem escreveu, pois com toda certeza, se a mulher tivesse escrito, com a sapiência de mãe, por certo, haveria de ser diferente, pois esta sabe ser e fazer uso da matéria pela qual se veste.

Questionemos então, sobre os homens que perdem o sentido de direcionamento no decorrer da vida, por não saberem evoluir segundo suas vontades, mas em decorrências de ensinamentos absorvidos no seio familiar, na figura do machão, já quase em desuso.

Perdoem-me as mulheres a quem devoto todo o meu respeito e carinho, mais hoje eu falo: oh! Se as mulheres entendessem aos homens.

Rio de janeiro 14 de outubro de 2007.

Feitosa dos Santos