SOBRE AVÔS, AVÓS E IDOSOS

Eu sempre quis ter um avô, conviver com ele. Mas a vida não me deu essa felicidade. Meu avô paterno já havia falecido a muitos anos quando eu nasci. Meu avô materno vivia em outro Estado. Só o vi quando já estava com uma doença incurável, a cerca de seu falecimento. Viajamos com muita dificuldade para realizar sua última vontade: rever a filha e as netas que não conhecia. Meu pai estava desempregado. Mas creio que vendemos alguns objetos de casa e recebemos alguma ajuda e fomos. Nessa época eu tinha nove anos.

De minhas avós, só uma tive a felicidade de viver com ela. Éramos grandes amigas. Éramos como mãe e filha.

Minha avó materna foi um ser humano lindo e estive com ela em bons momentos e diálogos. Uma pessoa de uma espiritualidade bela.

O meu coração de criança que ainda levo dentro de mim sempre viu os avós como pessoas especiais, preciosas. E a ausência deles causa um enorme vazio dentro de mim até hoje. Nunca o vazio da presença dos avôs que eu não tive a oportunidade de conviver foi preenchida. Até hoje me sinto incompleta.

Recordo que minha avó paterna, quando tinha 85 anos, encontrou um senhor de sua idade que queria casar com ela. Eu fiquei tão feliz! Ele era maravilhoso! Já o tinha como meu avô, e ele a mim como neta, quando ele foi vitimado por uma trombose e faleceu. Novamente fiquei sem avô e sem mais esperanças de ter.

Sinceramente eu não entendo essa cultura que menospreza os idosos. Não sou capaz de compreender e pra falar a verdade, não o quero. Se isso é coisa de gente adulta, levada pelo cálculo, por uma insana razão, eu prefiro continuar seguindo como criança e escutando a voz do meu coração.

Por Marta Cosmo