FALSOS HERÓIS

Quando Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil em 2018 fiquei muito satisfeito com a equipe de ministros escolhida para trabalhar com ele pelos próximos quatro anos. Era algo inédito, pois não havia nenhum resquício do ranço daquela política da troca de favores, o indecente toma lá, dá cá. Eram pessoas aparentemente idôneas e altamente capazes nas suas áreas de atuação, verdadeiros profissionais. Como já esperado tivemos o mimimi da imprensa e o mimimi daqueles que perderam as eleições, algo absolutamente normal num país já acostumado com tanta bagunça. Acho que vocês já adivinharam qual “ex-ministro” me inspirou a escrever este texto. Ele mesmo: Sérgio Moro. A saída do general Santos Cruz, ainda no início de governo, também me surpreendeu, mas em escala bem menor. Mandetta e outros nem vale a pena lembrar. Mas, Sérgio Moro? Caramba, o cara era “O CARA”, famosíssimo pela condução da Operação Lava Jato que condenou Luís Inácio à prisão, sentença posteriormente corroborada em segunda instância pelos juízes do TRF-4. De um obscuro juiz em Curitiba, transformou-se em herói nacional, sendo escolhido para ser Ministro da Justiça do novo governo. Era um exemplo de profissional, contestado apenas pelo PT e seus satélites. Seu nome também foi lembrado várias vezes para ocupar uma vaga no desmoralizado STF. Aí me ponho a pensar. Será que quando assumiu o cargo de ministro (ou já na época do convite) Moro já estaria com essas idéias de rato na cabeça? Será que já estaria afinado com a Rede Globo (que, segundo Lula, foi quem o criou)? Quais eram seus planos e suas ambições? Será que já pensava em trair o presidente, seu governo e o povo que tanto o idolatrou? Caramba Moro, que bobagem você fez e que comportamento mais inadequado para um herói! E depois ainda vem dizer que tem uma carreira e uma reputação a zelar? Ora, ora, deixa de besteira, pois você descartou tudo isso na vala comum do excesso de ambição. A maior sacanagem que você fez no período em que esteve ministro, talvez nem tenha sido contra o presidente que lhe confiou um cargo de ministro de estado, mas sim contra esse sofrido povo brasileiro que vive correndo atrás de heróis. Não me deixo levar por promessas e nem por palavras, mas desta vez eu acreditei, Moro. Via em você um dos maiores exemplos de honestidade e lisura que um homem público poderia ter. Você jogou tudo no lixo: sua carreira, sua honestidade, sua lisura e, pior de tudo, sua honra e sua moral. Na minha modesta visão, hoje você não passa de um Judas bem maltrapilho, travestido de bom moço. Moro, vá se danar!

(1) – Como bem disse Alexandre Garcia na sua coluna de 5/5/2020: “Em tudo o que Moro disse até agora, há muita espuma para pouco sabão”.

(2) – “Juventude demais, fascismo demais, ambição demais e vontade de crescer na política, tudo isso fez com que Sérgio Moro traísse a toga. Ele simplesmente é um traidor da toga”. (Ciro Gomes, no programa Roda Viva de 16/3/2020)

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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 07/05/2020
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