Vácuo

Os sinos da chancela do trem, o som do autoforno, carros passando pela rua vazia. Sons de conversas soturnas, vindas de quem não tem para onde ir. Se tornam a música de quando você não consegue dormir por aqui. Antes me perguntava se havia também som de pássaros e durante muitas noites acordada eu sei que sim.

O som que só você consegue ouvir, como aquele apito que surge do nada, agora são como ondas, ondas dos vazios que ecoam por toda a noite. Só você pode ouvir parecem ser mais altos que sua própria respiração, você ainda respira só que as ondas do vazio são mais altas do quando você era adolescente e ia para varanda fumar um cigarro.

Tudo e muito maior que a zanga da rebeldia sem fundamento agora até o som do vazio existe em um tom mais alto e diferente... O sino ainda toca o trem ainda tá passando, coisas que não mudam mais deixa a gente cada vez mais sem fala para expressar o que realmente significam a nós.

Não dá para ouvir os passos largos do nada, que tudo pode representar em fração de segundos. A sentenças que são impossíveis de evitar e não são como altura certa do veículo para poder passa por debaixo do viaduto, sem arrastar o teto na estrutura de concreto fazendo o estrondo, onde o som das conversas são abafados onde as ondas do vazio se calam, pois se atentam...

Nesse instante é que o nada pode vir representar tudo para se poder contar o que se tem por dentro. É como por um instante o mínimo necessário para que tudo fizesse sentido dentro de todas alturas e tons fosse o mínimo de caos.

O caos que não se desvia dos trilhos, nem desliga o autoforno, mas recomeça as ondas quando se finda e antes que se possa perceber, os pássaros iram tomar a madrugada, em algum ninho, quebrando a regra dentro do escuro criando o caos consciso e natural.

Luiza Alves
Enviado por Luiza Alves em 18/05/2020
Reeditado em 18/05/2020
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